Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Nostalgia

Dando tempo ao tempo

Desde pequeno, aprendi a respeitar as mudanças do clima, o gesto instintivo em botar a mão espalmada para fora da janela quando o tempo ficava brusco e cinzento para sentir se a chuva já estava começando a gotejar. A infalível pergunta para quem ia sair de casa: Será que chove hoje? Muitas coisas que aprendemos com o tempo ainda hoje funciona. O ventinho está pr’a chuva! Ou então: Já dá para sentir o cheiro da chuva!

As geadas tinham seu tempo certo. Em Curitiba, algumas já aconteciam no mês de abril e se prolongavam até o princípio de agosto, quando então muitas árvores frutíferas já estavam em floração. Pereiras, macieiras, pessegueiros e tantas outras. Nos jardins, as azáleas estavam floridas desde o final de julho; os ipês começavam a desabrochar seus cachos amarelos entre os dias 1.° e 15 do mês de agosto, quando isto não ocorria os mais antigos preconizavam tempo descontrolado para o próximo ano. Surgiu, na atualidade, a mania de se dizer que depois das flores dos ipês eclodirem não cairiam mais geadas. Invencionice do pessoal da cidade.

No ano que passou; os ipês amarelos floresceram com mais de três meses de atraso. Coincidência ou não, o clima deste ano foi totalmente descontrolado. Granizo, ventanias, canícula de verão em pleno inverno e a falta de chuvas. Como diria aquele antigo observador das variações climáticas: A natureza não aceita desaforos! A nossa região curitibana está sofrendo uma alteração impressionante na qualidade do ar, a atmosfera sempre foi úmida e nos dias atuais apresenta uma queda brusca nessa característica, abalando a saúde de boa parte da população, principalmente das crianças.

Curitiba hoje é uma cidade carente de vegetação de quintais com suas árvores frutíferas, a maioria que existia era de origem européia. É bem verdade que no município ainda temos uma mediana cobertura de áreas verdes, mas que também sofre devastação.

Vamos tomar como exemplo a arborização de algumas de nossas praças centrais, principalmente a Praça Tiradentes. Já ouvimos por diversas ocasiões se referirem sobre os ipês daquele logradouro como centenários. Curitiba não possui qualquer logradouro público com alguma árvore centenária, a única que existia e completou seu centenário em 1986 era um exemplar de carvalho plantado no Passeio Público, por ocasião da sua inauguração. Maus-tratos por parte da administração liquidaram com aquele exemplar histórico há alguns anos.

Como a cobertura florestal nos dá informações tanto sobre a própria idade, assim como para o clima, vamos mostrar imagens de algumas de nossas praças dando tempo ao próprio tempo de suas existências.

Na primeira foto, vemos um detalhe da Praça Tiradentes em 1926 quando a maioria de suas árvores eram as conhecidas como eugenias, nota-se que a estátua do Marechal Floriano ficava no meio da mesma. Na segunda foto, aparece a Tiradentes em 1934 sendo reformada e sem arborização alguma, os ipês seriam plantados no final daquele ano, o monumento de Floriano já estava deslocado do centro para um canto mais ao sul.

Na terceira foto, vemos a Praça Carlos Gomes na época de sua inauguração, em 1914. Na quarta foto, também da Carlos Gomes, feita em 1955, podemos notar as árvores com seus troncos pintados com cal para evitar pragas. Dessas árvores devem existir, se muito, dois exemplares. Na quinta foto temos um aspecto da Praça Osório em 1949; ao fundo, a Alameda Cabral.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.