Meio capenga, fui tirar os meus retratos do encontro realizado na Boca Maldita, na última terça-feira. Era o desagravo de um povo espoliado por políticos, nem todos, aboletados na Assembleia Legislativa. A vibração dos oradores me transportou para outros tempos, campanhas memoráveis nas quais tribunos de cultura como Bento Munhoz da Rocha ou carismáticos como Getúlio Vargas faziam o povo trepidar em aplausos.
Com prazer ouvi, fascinado, as verdades irrefutáveis dos oradores que se seguiram, na cobrança sobre os desmandos realizados contra o erário, dentro daquela Casa de Leis. O discurso contundente do respeitável René Dotti, acompanhado, que foi, no assunto por um grupo de outros oradores importantes na sociedade paranaense e brasileira. A presença maciça do povo mostrou a vontade de todos, presentes ao ato, em ver a justiça ser executada contra os desmandos dos políticos implicados.
Faixas, cartazes e outras maneiras do povo se manifestar estavam ali presentes. O clamor do público, desejando o afastamento da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, se fazia presente ao término de cada discurso. Não se tenha dúvida alguma que a reunião de desagravo deste dia 8 de junho ficará para a história de Curitiba como um dos maiores atos de civismo já realizados em nossa capital.
Mudando o assunto para coisas de nosso passado, especialidade desta página, vamos atender a alguns pedidos de nossos leitores, não sem antes lembrar que o busto da professora Júlia Wanderley continua atrofiado em frente do colégio que leva seu nome. Vandalizado pela segunda vez, está à espera de sua recuperação, e também com o devido resguardo. O governador Pessuti me afirmou que tomaria providências sobre o caso. Ó Pessutão! Tá demorando, olhe a foto da Dona Júlia, sentada em meio a suas alunas, com jeito de quem espera ser atendida.
Para o leitor que perguntou sobre o antigo Cine Broadway, querendo saber se o dito cinema era exclusivo da gurizada curitibana. Podemos afirmar que tal exclusividade era unicamente nas matinés de domingo, quando nem um adulto podia suportar a algazarra que a piazada fazia. Nos dias de semana, o cinema funcionava para o público em geral.
Outras perguntas que nos enviaram: "Onde ficava o antigo Teatro Guayra?" E também alguns jovens perguntam ansiosos: "Será que neste inverno Curitiba vai ter neve?" Para a primeira pergunta mostramos, na fotografia dupla, que o velho Guayra ficava na Rua Dr. Murici exatamente onde está a Biblioteca Pública, que foi construída tomando todo o espaço então ocupado pelo teatro, além do lugar tomado pelo quartel do Corpo de Bombeiros, que ficava na Rua Cândido Lopes. O teatro foi totalmente demolido em 1947.
Para a outra indagação nada podemos afirmar, apesar de que a cara do tempo está se mostrando mais ou menos parecida com as ocorrências das nevadas de 1928 e 1975. Sei que os jovens, que ainda não viram a neve, estão esperando que o fenômeno torne a acontecer na cidade, isto sem contar com a meninada mais nova, como meus netos, que vivem perguntando quando é que vai nevar.
N.R. Das tragédias que abalam a gente, a última aconteceu no dia 10 de junho: perdi um grande amigo e companheiro do Instituto Histórico, Carlos Brantes.