Detalhe de uma vista de Curitiba, feita em dezembro de 1883. Dois anos antes de ser inaugurada a Estação da Estrada de Ferro já aparece construída no meio do campo| Foto: Acervo Cid Destefani
Foto da Estação de Curitiba no final de 1889. A futura Praça Eufrásio Correia era um descampado. Movimento de bondes de mulas e carruagens trazia o público do centro da cidade
Rua da Liberdade, atual Barão do R. Branco. À esquerda a Estação dos bondes de mulas, à direita o prédio da Assembleia e ao fundo a Estação da Estrada de Ferro. Foto de 1893, notam-se os postes da luz elétrica recém instalados
Em foto de 1903 aparece a Estação, já com dois andares, mostrando o movimento de veículos e pessoas e, também, um dos famosos quiosques para venda de miudezas
A primeira Ponte Preta em cima da elevação construída para conter os trilhos da Estrada de Ferro. Por baixo o caminho que levava aos terrenos do Schimidlin, em 1905
Montagem da atual Ponte Preta pelos operários da firma Machado da Costa, em 1944
Foto feita de cima da Ponte Preta mostrando a enchente causada por um temporal de outubro de 1911, nela tem a Rua Sete de Setembro com a Rua João Negrão alagada
Em Porto Amazonas, década de 1940. O engenheiro Oscar Machado da Costa, ao centro com agasalho xadrez, junto com seus operários em sua oficina
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A ponte mais falada de Curitiba liga nada a coisa nenhuma, mas já ligou. Aqui mesmo na Nostalgia ela já foi citada diversas vezes, pela sua importância na história da cidade e, hoje, tornamos a visita-la. É da velha Ponte Preta, da Rua João Negrão, o assunto deste domingo.

Como invariavelmente acontece, aquele viaduto faz parte do noticiário da mídia por causar entalamentos de ônibus e caminhões na sua parte inferior, ocasionados pela falta atenção de seus incautos condutores. Já não são mais novidade tais acidentes, alguns anos atrás quando o primeiro caminhão ficou preso por causa da altura de sua carga aconteceu algo inusitado. O motorista se debatendo para saber como tirar seu veiculo daquela entalada já estava azucrinado pela palpitaria dos curiosos em seu redor.

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Faz isso! Faz aquilo! Entretanto os palpites não surtiam efeito, a não ser aumentar a zoeira. Foi quando um mendigo, que fazia seu ponto em baixo da ponte, sugeriu: Esvazie os pneus, os deixe murchos, ai o caminhão sai. Não deu outra, o caminhão vagarosamente escapou da carga extra que era a Ponte Preta. Um dos curiosos não aquentou e comentou como um mendigo podia ter tido uma ideia tão luminosa; como resposta recebeu o seguinte: Sou pedinte sim, mas burro não!

A Ponte Preta original, construída em 1885, foi feita em razão de ter sido elevado o leito dos trilhos para que os trens circulassem acima do terreno alagadiço da várzea do Rio Belém, livrando inclusive a estrada das enchentes causadas pelas chuvas. A velha ponte foi substituída pela que lá está em 1944, quando era diretor da rede Viação Paraná Santa Catarina, Durival de Britto e Silva.

O projeto da ponte foi feito pelo engenheiro Oscar Machado da Costa, que tinha um contrato com a Rede para recuperar, reforçar e construir pontes metálicas, era ele, na época o maior especialista no assunto e tinha instalado suas oficinas, desde 1936, na cidade de Porto Amazonas. Sob o projeto de Machado da Costa, a estrutura metálica foi fabricada em aço nos Estados Unidos.

Desativa desde a década de 1970, aquela ponte já passou para o folclore local como uma utilidade a mais. Pescadores parnaguaras faziam ponto sob ela, na época dos caranguejos, com sacos repletos daqueles crustáceos ali negociados, o curitibano já sabia que para adquirir tais pitéus tinha que ir a Ponte Preta. Havia um ditado que os viciados no jogo-do-bicho alardeavam, quando o resultado não era baseado nos números da loteria, ele era extraído do chapéu dos banqueiros, em baixo da Ponte Preta. Houve até um comentário em se instalar um restaurante sobre o seu arcabouço.

O viaduto sobre a Rua João Negrão é tombado como Patrimônio Histórico, uma peça que deve ser preservada para a memoria da cidade, para que os passantes ao vislumbrar a Ponte Preta, tenham a certeza que por sobre ela, durante quase noventa anos, trafegaram trens que iam e vinham transportando cargas e passageiros ao som dos apitos das Marias-fumaças. Não sei se ela é um símbolo de lembranças, ou uma marca de saudades de um tempo que já se foi.

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Hoje a Nostalgia mostra uma sequencia de fotos pouco conhecidas e ligadas a nossa antiga Estação da Estrada de Ferro.

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