A Praça Generoso Marques em 1926. Pouca coisa ainda existe| Foto: Arquivo
Vista aérea do Centro de Curitiba, em 1955. Os espigões já brotavam como cogumelos
Rua XV esquina com Oliveira Belo. Prédio do Café Paratodos, demolido em 1972. Lerner era o prefeito
Curitiba em 1993. Comemoração do pseudo 3º Centenário. Mudança do relógio da Praça Osório. Luminárias retiradas. Tudo pela vaidade
A histórica Igreja do Rosário, demolida no final da década de 1930
Praça Carlos Gomes, em 1915. O prédio onde funcionou a sede da Região Militar, e também onde se instalou a Escola Técnica do Paraná, ainda existe, mas completamente descaracterizado
O casarão do Museu Paranaense, em 1940. Foi demolido junto com o morro onde estava em 1965. Em seu lugar ficou um buraco por longos anos
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A companheira aqui da Gazeta do Povo colunista Marleth Silva abordou o interessante aspecto do desenvolvimento arquitetônico em nosso país, onde a mutação predial é uma constante, sob o título Construir-destruir-reconstruir. Falando inclusive sobre opiniões que acometem ao fato dessas mutações existirem e que está na vontade de apagar o passado e criar um futuro promissor. Para mim, ficou mais ou menos parecido com aquela mania que certas donas de casa têm em mudar, de tempos em tempos, os móveis dos lugares, conforme creem: – É para dar sorte!

Lendo o referido artigo me transportei à infância. Um domingo de 1942. Perto de minha casa vislumbrei um homem que pintava um quadro em plena Rua Ângelo Sampaio. Curioso, fui xeretar. Fascinante, as pinceladas iam fazendo surgir a rua, as casas, o céu; tudo estava ali naquele quadro.

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– Que foi piá? Nunca viu alguém pintar um quadro? – Nunca. – Quer saber por que estou pintando?

Sem dizer que queria, ou não, fui escutando a primeira lição de quem seria, anos depois, meu grande mestre e amigo.

E ele foi respondendo: "Na minha terra, a Itália, a casa do pai fica sempre para o filho mais velho. Como essa casa aí não é minha e aí nasceu o meu filho, estou fazendo este quadro para ele". Foi assim que o Guido Viaro contou o porquê daquela pintura. Eu tinha 6 anos e o filho dele, o Constantino, que estava junto, 3 anos de idade.

Estava dada a lição. A memória e a origem fazem parte da vida humana e, até mesmo, de alguns animais ditos irracionais. Em contrapartida, além do saudosismo, da nostalgia e demais sentimentos sobre as raízes, está o poder econômico, e a força do dinheiro muitas vezes bota por terra qualquer afetividade. O valor do metro quadrado da terra na superfície faz esquecer que a herança não passa de sete palmos em nossa cobertura final.

Quem viaja à Europa volta maravilhado por ter visto palácios, prédios e construções milenares; as cidades rasas, onde se avista o horizonte; vilarejos limpos; ruas bem calçadas; casas com flores nas janelas. Enfim, tudo que uma civilização pode ter, após dois mil anos de vida. Para nós, está faltando ainda mil e quinhentos para chegar lá.

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O nosso país foi colonizado por safristas. Todo imigrante que para cá veio tinha a intenção de voltar rico, desde os primeiros portugueses. Os europeus que desbravaram o Sul do Brasil também tinham tal esperança. Quando partiam da Itália, os imigrantes não diziam que iam morar na América; diziam: "Vamos fazer a América!" E assim estão fazendo até hoje, construindo, destruindo e reconstruindo.

À terra o grande valor. Os colonos que foram destinados para o interior do Paraná queriam espaço para plantar e acomodar suas criações, tanto é que venderam pinhais que lhes couberam, outras madeiras de lei e transformaram o restante das matas em lenha. A terra tem o seu preço. Hoje, tomando como exemplo Curitiba, no espaço de uma casa que abriga somente uma família pode ser construído um edifício com apartamentos para várias dezenas de famílias. E assim se vai demolindo e construindo, com a memória urbana desaparecendo. Eis a razão, caro leitor, do valor das imagens antigas aqui publicadas. São elas as únicas testemunhas de como as coisas eram: lembranças para alguns, curiosidades para outros.