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Nostalgia

Histórias da velha praça

1 – A vegetação da Praça Osório, coberta de neve, serve de moldura para o grupo que estava no Bar Stuart, então comandado pelo Ronaldi Abrão, o famoso Ligeirinho. Isso foi há 35 anos, no dia 17 de julho de 1975 |
1 – A vegetação da Praça Osório, coberta de neve, serve de moldura para o grupo que estava no Bar Stuart, então comandado pelo Ronaldi Abrão, o famoso Ligeirinho. Isso foi há 35 anos, no dia 17 de julho de 1975 (Foto: )
Em 1916, vemos as árvores do contorno da praça, ainda pequenas |

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Em 1916, vemos as árvores do contorno da praça, ainda pequenas

Em 1971, o arvoredo plantado em 1914 foi extirpado da paisagem da Praça Osório |

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Em 1971, o arvoredo plantado em 1914 foi extirpado da paisagem da Praça Osório

O famoso relógio, tendo ao fundo o repuxo ainda acima do nível do solo, em 1924 |

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O famoso relógio, tendo ao fundo o repuxo ainda acima do nível do solo, em 1924

Sequência de fotos da onça morta e que foi exibida na Praça Osório, cercada por curiosos. Sezinando, o caçador, aparece descalço e de boné |

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Sequência de fotos da onça morta e que foi exibida na Praça Osório, cercada por curiosos. Sezinando, o caçador, aparece descalço e de boné

Quem transita pela Praça Osório nem imagina quantas histórias curitibanas ali aconteceram, quantas lendas foram criadas ou, então, quantas vezes a prefeitura mexeu e remexeu no am­­biente – desde 1904, quando o ambiente foi urbanizado. A Osó­­rio foi por muito tempo a porta de entrada para o centro da cidade: a passagem que levava todo o movimento para a rua principal, a XV de Novembro.

Porta de entrada e de saída. Quem estava no centro se dirigia através dela para a Rua do Mato Grosso, atual Comendador Araú­­jo, com destino aos arrabaldes do Batel e do Seminário ou, então, em viagem aos Campos Gerais. Em 1914 ela recebeu outra reforma, quem sabe a mais importante. Os bondinhos de mulas deixaram de circular pelo seu centro, foram instalados um coreto, um relógio e, em seu centro, construiu-se um repuxo elevado, a vegetação foi toda replantada com mudas arbóreas, que, com o tempo, se transformaram em gigantescas árvores, as quais, em 1971, foram eliminadas.

O coreto serviu durante anos para as retretas de bandas militares; e o relógio funcionava mal, a maior parte do tempo parado, peça que não adiantava nada. O repuxo, adornado com esculturas de sereias, sempre atraiu a piazada para se refrescarem em tempos de verão. Era usado co­­mo piscina, na década de 1920, pelos filhos do presidente Afonso Camargo, cuja residência ficava numa das esquinas da praça.

Com o tempo, o coreto enferrujou e foi demolido; o relógio mudou de formas e, finalmente, foi transferido de lugar para que nele coubessem algumas placas alusivas à vaidade do prefeito que realizou a "obra". O repuxo, ah! O repuxo! Esse mudou várias vezes, antes elevado, foi colocado abaixo do nível do solo; outra vez mexido, suas esculturas fo­­ram elevadas e teve o seu interior recoberto de pastilhas azulejadas. Entretanto, não perdeu a sua função maior: a molecada continua usando-o como piscina.

Os acontecimentos surgiam e se desenvolviam na Praça Osório e em seu entorno; os bares mais famosos da cidade estavam por ali; o maior edifício de Curitiba foi construído em uma de suas esquinas, o Edifício Garcez, em 1930. O anúncio luminoso da Caixa Econômica marcou época na embocadura da Avenida Luiz Xavier; os fotógrafos lambe-lambe retratavam as crianças montadas no cavalinho de pau e a marmanjada com a cara na janela do avião pintado numa tela de lona.

A onça morta na Praça Osório causou sensação na cidade naquele dia 21 de outubro de 1962. Foi isso mesmo: uma onça-pintada estava, morta, na Praça Osório. A notícia correu pela cidade que nem rastilho de pólvora. Que barbaridade! Como é que foi aparecer tal bicho no Centro de Curitiba? A história mirabolante foi comentada em tudo quanto é boteco e salão de beleza, onde quer que se reunissem pescadores, caçadores e outros mentirosos.

Era onça mesmo! Eu mesmo a vi, mortinha da Silva! Afirmava-se em toda a Curitiba, do Portão ao Bacacheri, do Capanema ao Bi­­gorrilho. Quem duvidasse podia ver a fotografia do bicharão nos jornais do dia seguinte. Eta, Curitiba velha de guerra! As histórias verdadeiras vão sendo distorcidas com o passar do tempo e acabam virando lendas. A história da onça morta na Praça Osó­­rio é uma delas. Vamos ao fato verdadeiro.

O lavrador Sezinando Arms­­trong, morador na fazenda Ta­­quari, de propriedade de Flávio Ribeiro e que ficava às margens da antiga BR-2, matou a onça que estava dizimando o gado da fa­­zenda. Com a onça morta nada me­­­­lhor para exibi-la do que a ca­­pital. Tratou de trazer o seu troféu para exibi-lo em praça pública, para tanto contou com a ajuda de dois patrulheiros da Polícia Rodoviária, que, com seu veículo, transportaram o caçador e a di­­ta onça. O local escolhido para a exibição foi a Praça Osório. As­­sim como surgiram, tanto a onça como o seu algoz, desapareceram. Ficou, entretanto, a lenda da onça morta na Praça Osório.

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