Quando foi inaugurado o transporte coletivo em Curitiba através dos bondes de mulas no ano de 1887 , tais veículos também eram usados para transportes de cargas. Principalmente de barricas de erva-mate, dos engenhos até a Estação da Estrada de Ferro. Tal fato desagradou aos carroceiros que faziam esse tipo de serviço com suas carroças de duas rodas. Houve conflito, e os que se achavam prejudicados colocavam seus veículos sobre os trilhos para assim impedir a passagem dos bondes de carga.
Logo no início da introdução dos bondes, ocorreu um acidente na atual Rua Marechal Deodoro, quando um condutor de um bonde tocou o veículo muito de propósito sobre a gaiota de um carroceiro. O tal condutor já havia causado pânico dias antes, quando conduziu o bonde em grande velocidade e, ao fazer uma curva, o veículo descarrilou.
Parece que a Rua Marechal Deodoro é destinada a esses tipos de acidentes e manifestações. Agora, passados 120 anos do fato acontecido entre carroceiros e condutores, o mesmo local serve guardando as proporções para movimentos de protesto no trânsito por parte de motociclistas que prestam serviços com seus veículos.
Quem trafega pelas ruas da cidade pode observar a quantidade enorme de motoboys, como são denominados esses camicases do asfalto, que transitam com suas motos em alta velocidade e, na maioria das vezes, aos bandos, disputando a poleposição nos sinaleiros. Quem dirige um automóvel na velocidade máxima permitida em nossas ruas, que é de 60 quilômetros por hora, muitas vezes se sobressalta ao ser ultrapassado pelas motos em altíssima celeridade. Diariamente, acontecem graves acidentes entre motoqueiros e outros veículos, e aqueles geralmente saem seriamente feridos.
Para impedir os abusos, as autoridades de trânsito estão implementando normas para tentar coibir tais excessos, na tentativa de salvaguardar a integridade física dos próprios motoqueiros, coisa que muitos deles não chegam a perceber, achando que são isentos a fatalidades.
Curitiba já possuiu, em outras épocas, pessoal aficionado por motocicletas. Na década de 1960, houve a grande onda da juventude pelo uso de motonetas, sendo mais populares as conhecidas lambretas, que circulavam às centenas pelas ruas uma condução barata e perigosa como é qualquer veículo de duas rodas. As motocicletas foram introduzidas na cidade a partir dos primeiros anos da década de 1910 e logo surgiram seus entusiastas, chegando a formar clube de motociclistas.
A embriaguez da velocidade incentivou as competições, fazendo com que várias corridas fossem disputadas naquela época, cuja pista usada era a do velho Prado do Guabirotuba. Em 1939, foi promovida uma disputa de ida e volta entre Curitiba e Ponta Grossa, onde chegou a ser usada uma moto Harley, que pertencia ao Departamento do Serviço de Trânsito.
Abrimos as ilustrações da Nostalgia com a fotografia número 1, feita por volta de 1915, a qual mostra o grupo que formou o primeiro motoclube de Curitiba. Em seguida, apresentamos três aspectos de principais ruas da cidade, praticamente sem movimento de veículos. Todas as fotos foram feitas no início da década de 1940. Vemos na segunda foto a Rua Marechal Floriano, com vista da Rua Pedro Ivo para a André de Barros, onde o único veículo que aparece é a carroça à esquerda. Os pedestres caminham calmamente pela rua e passeio.
A terceira foto mostra a Praça Carlos Gomes e a Rua Marechal Floriano, em direção à Praça Tiradentes, também em plena calma onde se destacam apenas três automóveis de aluguel, esperando no ponto os parcos fregueses que então existiam.
Na quarta imagem, temos a Rua XV de Novembro entre a Monsenhor Celso e a Marechal Floriano, lugar conhecido antigamente como Senadinho. Calma absoluta, apenas pedestres circulam nas calçadas. Não se vê um único automóvel.
Na abertura do texto, contamos a concorrência dos bondes de mulas com os carroceiros no transporte de mercadorias. Entretanto, houve outra disputa na condução de objetos, e isto ocorreu quando a Rede Viação instalou um serviço de caminhões para fazer entrega de encomendas que vinham por sua via férrea, em prejuízo dos veículos particulares que prestavam tais serviços. A quinta foto mostra um desses caminhões portando volumes a serem entregues, no início da década de 1940.