Atualmente é muito difícil se perder imagens da atualidade: todo mundo tem sua câmera de fotografia e tudo que vemos pode ser registrado sem o custo dos filmes e de seus processos para revelação. Já foi o tempo das máquinas fotográficas caixãozinho, das fotos em preto e branco, que amarelavam com o tempo, e dos volumosos álbuns de família. A produção e a qualidade das imagens estarão acondicionadas para se preservar a memória, quando o hoje já for um remoto passado.
Por sorte, Curitiba foi brindada, em seu passado, com a presença de inúmeros fotógrafos e retratistas que gravaram as esquinas hoje perdidas, os costumes, os meios de transporte, as diversões e o setor de indústria e comércio. O ciclo da erva-mate e o da madeira, com seus engenhos e serrarias, assim como o crescimento urbano da cidade, também foram amparados por outra economia, a do café produzido pelo Norte do Paraná. O fluxo de imigrantes europeus proporcionou a presença de muitos desses artistas da objetiva.
A produção de fotografias, tanto nos ateliers como nos documentaristas de aspectos físicos da urbe, foi sem dúvida um grande legado do passado à nossa atualidade. Apesar do volume de tais obras, muita coisa se perdeu. O valor documental das fotos históricas e a sua preservação somente foram incrementados a partir da década de 1950, por ocasião das comemorações do Centenário do Paraná. Ainda hoje se chora o leite derramado pelo material extraviado e até mesmo destruído pelo descaso em sua preservação.
Nesta página da Gazeta do Povo, destinada à preservação de fatos e fotos históricas, são apresentadas imagens do passado, de coisas que não mais existem e que lamentamos pelas suas perdas. Entretanto, podemos saber como eram através das imagens que se protegeram contra o extravio e falta de conservação. A Nostalgia deste domingo apresenta sete fotografias de aspectos do passado de Curitiba que dão uma ideia sobre ambientes parcialmente, e mesmo totalmente, perdidos na paisagem da cidade.
Temos a foto da Igreja do Rosário, feita em 1900. Esse templo era conhecido como a Igreja dos Pretos, na época da escravidão, e também como a Igreja dos Defuntos, onde se encomendavam os corpos com destino ao Cemitério Municipal.
A fotografia feita, em 1914, de um dos cantos do Mercado Municipal, demolido para dar lugar ao prédio da Prefeitura Municipal, na atual Praça Generoso Marques. Vemos ainda a foto do Mercadinho Provisório, inaugurado em 1915 no espaço onde hoje está a Praça Theodoro Bayma, no Batel. Na foto de 1928, um aspecto da Rua Comendador Araújo, esquina com a Rua Coronel Dulcídio, onde se destaca a casa que pertenceu ao advogado Vicente Machado; além do bonde elétrico que servia os bairros do Batel e Seminário.
Temos ainda a fotografia da Avenida João Pessoa, esquina com a Travessa Oliveira Bello. A paisagem com os prédios antigos pouco mudou, o local com tais construções é uma referência aos meados do século passado, com a imagem gravada em 1940. Finalmente, temos duas fotos com detalhes da casa paranista, desenhada pelo escultor João Turin, onde se destacam as colunas encimadas por pinhas, os pinhões na fachada e o portão de ferro representando um pinheiro, símbolo do Paraná. Essa casa ficava na Rua José Loureiro, e as fotos são de 1970, feitas pouco antes de sua demolição ao ser indicada à preservação.