As últimas manifestações da natureza mostraram que o tempo não está para brincadeiras: tempestades e tufões, enchentes e desmoronamentos com muita gente desabrigada, ferida e morta. Esses acontecimentos estão correlatos a fatos e crenças. Em primeiro lugar temos o fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico denominado El Niño. Quando este acontece, a Região Sul do Brasil recebe, durante os meses da primavera, um volume formidável de chuvas que trazem notórios acidentes de efeitos calamitosos.
Quando o fenômeno se apresenta já se iniciou a primavera com muita chuva. Curiosamente, o habitante interiorano, o nosso caboclo, que nunca ouviu falar no El Niño, tem uma crendice: se no mês de setembro, precisamente no dia 29, acontecer de chover e trovejar, o tempo será de muita chuva até o verão. "Se no dia de São Migué dé água com trevoada é seis meis de chuva!" O fato é que com o El Niño, ou o futuro dia de São Miguel trovejado, estará se comprovando que o céu vai desabar.
Com a minha idade, já presenciei e até participei de ocorrências atmosféricas. No meu tempo de piá, fui apanhado por tempestade no meio de um descampado ali no Campo Comprido. Há pouco mais de duas décadas, um raio atingiu o pára-raios da cabine de rádio do Iate de Caiobá; estava presente e tive a oportunidade de presenciar a ocorrência, dentro da cabine, do fenômeno conhecido como raio globular, quando bolas luminosas muito intensas surgem e desaparecem rapidamente. E enchentes, então? Quantas não me apanharam desprevenido pelo centro da cidade, principalmente em saídas de matinês?
Furacões, tufões, tornados e ciclones. São várias as qualificações para designar a velocidade dos ventos. O vendaval fica entre os 35 e 70 quilômetros por hora. A tempestade pode estar acima, até os 100 quilômetros ou mais; já os furacões e ciclones são ventos bem acima dos 120 quilômetros. Os tornados chegam a 350 e podem atingir até 500 quilômetros, sendo formados em poderosos redemoinhos cujos ventos correm em diferentes direções. Quando o miolo atinge o chão, destrói tudo que alcança, jogando os destroços para fora e longe do centro.
No início da década de 1950 ocorreu um tornado no Sul do Paraná acredito ter sido no município de Palmas. Atingiu uma região de mata abrindo uma clareira de 500 metros de largura por dois quilômetros de comprimento. Não sobrou nada em pé; foi como se tivesse aberto uma estrada no meio da floresta.
Em Curitiba aconteceu em 1941 a passagem de um ciclone no centro da cidade. Os locais mais atingidos foram a Praça Osório e a Avenida Luiz Xavier. Na Osório, as árvores que formavam um pequeno bosque ao nordeste da praça foram derrubadas, ficando com suas raízes à mostra; algumas casas e estabelecimentos tiveram portas e janelas postas ao chão. Na Avenida, o prédio pertencente ao professor David Carneiro, recém-construído e que iria comportar o Cine Ópera, teve arrancado do seu topo o luminoso de propaganda do Mate Real.
As enchentes do Rio Belém eram menos comentadas por acontecerem fora do centro, atingindo mais a região da Avenida Cândido de Abreu. Já as proporcionadas pelo Rio do Ivo eram com maior calamidade, pois atingiam todo o centro, desde a Avenida Luiz Xavier até as ruas Barão do Rio Branco e João Negrão.
Outros fenômenos naturais que atingiam Curitiba, no tempo de invernos rigorosos, eram as famosas geadas, sendo a mais temida a chamada geada preta que acontecia em seguida a uma chuva. O gelo chegava a florescer a terra úmida. A última geada famosa ocorrida na cidade foi no dia 18 de julho de 1975, um dia após a nevada. O frio congelou o que restava da neve. Outras nevadas ocorreram em Curitiba, com registro. Em 1896 com precipitação fraca e a mais intensa ocorreu na noite de 31 de julho até o amanhecer de 1.° de agosto de 1928.