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Avenida Luiz Xavier. No Cine Avenida, o anúncio do filme E o Vento Levou, uma coincidência com o luminoso do topo do prédio do futuro Cine Ópera |
Avenida Luiz Xavier. No Cine Avenida, o anúncio do filme E o Vento Levou, uma coincidência com o luminoso do topo do prédio do futuro Cine Ópera| Foto:
  • Edifício Eloísa na Luiz Xavier em janeiro de 1941. A placa do alto foi derrubada pelo vento pouco tempo depois
  • Festa da Primavera no meio da estação, em 22 de outubro de 1911, na Rua XV
  • Praça Osório. À direita as árvores que foram derrubadas pelo ciclone em 1941
  • Avenida Luiz Xavier em uma das inúmeras enchentes do Rio do Ivo. Foto de 1968
  • Praça Tiradentes, na nevada de 1928
  • Rua Cândido Lopes, com a neve caindo em 17 de julho de 1975
  • Praça do Japão coberta de neve em 1975

As últimas manifestações da natureza mostraram que o tempo não está para brincadeiras: tempestades e tufões, enchentes e desmoronamentos com muita gente desabrigada, ferida e morta. Esses acontecimentos estão correlatos a fatos e crenças. Em primeiro lugar temos o fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico denominado El Niño. Quando este acontece, a Re­­gião Sul do Brasil recebe, du­­rante os meses da primavera, um volume formidável de chuvas que trazem notórios acidentes de efeitos calamitosos.

Quando o fenômeno se apresenta já se iniciou a primavera com muita chuva. Curiosa­­men­­te, o habitante interiorano, o nosso caboclo, que nunca ouviu falar no El Niño, tem uma crendice: se no mês de setembro, precisamente no dia 29, acontecer de chover e trovejar, o tempo se­­rá de muita chuva até o verão. "Se no dia de São Migué dé água com trevoada é seis meis de chuva!" O fato é que com o El Ni­­ño, ou o futuro dia de São Miguel trovejado, estará se comprovando que o céu vai desabar.

Com a minha idade, já presenciei e até participei de ocorrências atmosféricas. No meu tempo de piá, fui apanhado por tempestade no meio de um descampado ali no Campo Com­­pri­­do. Há pouco mais de duas décadas, um raio atingiu o pára-raios da cabine de rádio do Iate de Caiobá; estava presente e tive a oportunidade de presenciar a ocorrência, dentro da cabine, do fenômeno conhecido como raio globular, quando bolas luminosas muito intensas surgem e de­­saparecem rapidamente. E en­­chentes, então? Quantas não me apanharam desprevenido pelo centro da cidade, principalmente em saídas de matinês?

Furacões, tufões, tornados e ciclones. São várias as qualificações para designar a velocidade dos ventos. O vendaval fica entre os 35 e 70 quilômetros por hora. A tempestade pode estar acima, até os 100 quilômetros ou mais; já os furacões e ciclones são ventos bem acima dos 120 quilômetros. Os tornados chegam a 350 e podem atingir até 500 quilômetros, sendo formados em poderosos redemoinhos cujos ventos correm em diferentes direções. Quando o miolo atinge o chão, destrói tudo que alcança, jogando os destroços para fora e longe do centro.

No início da década de 1950 ocorreu um tornado no Sul do Paraná – acredito ter sido no município de Palmas. Atingiu uma região de mata abrindo uma clareira de 500 metros de largura por dois quilômetros de comprimento. Não sobrou nada em pé; foi como se tivesse aberto uma estrada no meio da floresta.

Em Curitiba aconteceu em 1941 a passagem de um ciclone no centro da cidade. Os locais mais atingidos foram a Praça Osório e a Avenida Luiz Xavier. Na Osório, as árvores que formavam um pequeno bosque ao nordeste da praça foram derrubadas, ficando com suas raízes à mostra; algumas casas e estabelecimentos tiveram portas e ja­­nelas postas ao chão. Na Avenida, o prédio pertencente ao professor David Carneiro, recém-construído e que iria comportar o Cine Ópera, teve arrancado do seu topo o luminoso de propaganda do Mate Real.

As enchentes do Rio Belém eram menos comentadas por acontecerem fora do centro, atingindo mais a região da Ave­­nida Cândido de Abreu. Já as proporcionadas pelo Rio do Ivo eram com maior calamidade, pois atingiam todo o centro, desde a Ave­­nida Luiz Xavier até as ruas Barão do Rio Branco e João Negrão.

Outros fenômenos naturais que atingiam Curitiba, no tempo de invernos rigorosos, eram as famosas geadas, sendo a mais temida a chamada geada preta que acontecia em seguida a uma chuva. O gelo chegava a florescer a terra úmida. A última geada fa­­mosa ocorrida na cidade foi no dia 18 de julho de 1975, um dia após a nevada. O frio congelou o que restava da neve. Outras ne­­vadas ocorreram em Curitiba, com registro. Em 1896 com precipitação fraca e a mais intensa ocorreu na noite de 31 de julho até o amanhecer de 1.° de agosto de 1928.

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