Quando a gente escolhe uma profissão definitiva, aquela que se pretende exercer pelo resto da vida, acredito que a mesma deva ser desempenhada em toda a plenitude dentro de uma ética e desenvolvida com amor, conhecimento e técnica.
Ao iniciar o meu aprendizado e os primeiros contatos com a arte fotográfica era um piá de apenas 12 anos, isto foi em 1948. Somente dez anos depois voltaria a enfrentar uma câmera e um laboratório fotográfico, já como profissional. O adestramento foi durante o trabalho, quando conhecemos verdadeiros mestres Alex Kolosenko e Moacir Scliar, que se destacaram entre outros.
Trocando idéias com José Kalkbrenner Filho, Helmuth Wagner, Francisco Kava, todos profissionais da fotografia, diga-se: que profissionais, a nossa ciência sedimentou-se na profissão que foi escolhida. Em 1958 começa o exercício pleno, trabalhando para os jornais Paraná Esportivo e Gazeta do Povo.
No ano seguinte, já colaborando com a revista Panorama, conheci o então mais antigo fotógrafo curitibano, Arthur Wischral. Descendente de alemães, exerceu a profissão de fotógrafo desde o começo da década de 1910. A qualidade de seu trabalho é de causar inveja até os dias atuais. Fotografias documentais eram a sua especialidade, aspectos físicos da cidade como abertura de ruas, sempre mostrando o antes e o depois, faziam do velho Wischral um técnico por excelência. Com ele aprendi que se deve fotografar os lugares de importância em diversas épocas, sempre comparando a evolução tanto para melhor como para pior.
A Nostalgia deste domingo está mostrando algumas fotografias, são três comparativas e quatro outras de ambientes conhecidos de Curitiba, sendo que nessas últimas procura-se mostrar o trabalho braçal dos homens que com seu suor ajudaram a urbanizar e embelezar esta cidade. Aproveitamos a ocasião para lembrar que esta página memorialista completou 17 anos de publicação ininterrupta em todos os domingos, desde que foi criada, em junho de 1989, pelo jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, diretor da Gazeta do Povo.
Vamos às fotografias. Na seqüência, apresentamos três fotografias da Avenida Água Verde vista da República Argentina em direção ao cemitério.
A primeira foto foi feita em agosto de 1937, e o leito da rua nada mais era do que uma estrada de terra.
Na segunda foto, de dezembro de 1940, notamos que já se fazia o serviço de pavimentação.
Na terceira foto, feita em maio de 1941, a Avenida Água Verde é mostrada totalmente pavimentada em sua pista de rolamento, assim como já aparece a iluminação pública nos postes. Entretanto o pinheiro, que é visto nas duas imagens anteriores, desapareceu.
Na foto quatro, vemos o trabalho da pavimentação da Rua Monsenhor Celso, entre a Marechal Deodoro e a Rua XV de Novembro, após a retirada dos trilhos dos bondes. A foto é de fevereiro de 1955.
A foto cinco mostra os operários concretando a base do contorno da Praça Osório em fevereiro de 1952.
A sexta imagem nos mostra o serviço de reforma na Praça Zacarias, ocorrido em maio de 1946.
Terminamos a seqüência fotográfica com a Rua Silveira Peixoto, entre a Avenida Batel e a Visconde de Guarapuava, sendo calçada com paralelepípedos em maio de 1939. Todas as fotografias que ilustram esta página foram feitas pelo mestre, de saudosa memória, Arthur Wischral.