Às vezes me dá na telha de ver na internet assuntos sobre Curitiba e, normalmente, caio na chamada Wikipédia enciclopédia livre. Talvez por ser livre, o pessoal vai botando coisas criadas pela imaginação, como se ninguém se preocupasse com os fatos; e assim as ocorrências corretas da história local são deturpadas por criações fantasiosas, por sinal, muito prejudiciais a escolares que usam o instrumento como fonte de pretensas pesquisas.
Por acaso, dando uma olhada em assuntos ligados ao comércio e aos mercados de Curitiba, deparei com a seguinte informação: "... a criação de um mercado em Curitiba se fez necessário em função do acúmulo de carroças dos colonos em torno das igrejas em 1860, gerando problemas na limpeza pública...". Vai daí a continuação da história contando sobre a criação de um mercado, em 1864, no largo que hoje é a Praça Zacarias.
Muito bem, a tal Wikipédia consegue colonizar os arredores de Curitiba vinte e um anos antes de aqui se instalarem tanto os colonos polacos, como os italianos. Fato que começou a acontecer após o ano de 1870 e 1871. Mesmo recém-vindos, teriam de construir casa onde se alojar, cultivar as terras, construir carroças, adquirir cavalos de tração e tudo o mais que seria necessário para então se dirigir ao centro da cidade para comerciar seus produtos das próprias colônias. Esse é mais um dos chutes que a internet fornece aos incautos.
O primeiro mercado de Curitiba surgiu em 1864, dentro de uma construção ao lado do Rio do Ivo, no Largo da Ponte, hoje Praça Zacarias. A aludida casa era dividida em pequenos espaços, originando o nome de Mercado dos Quartinhos, onde funcionou por cinco anos até ser desativado. Durante esse tempo, a praça era popularmente chamada de Largo dos Quartinhos. Na casa que funcionou o comércio público, instalou-se o Museu Paranaense, que ali teve a sua primeira sede em 1876.
Em 1874 foi inaugurado o Mercado Municipal, com frente para a atual Praça Generoso Marques, sendo então aquele largo conhecido como a Praça Municipal. Em 1912, tomou posse como prefeito de Curitiba o engenheiro Cândido de Abreu, que, usando parte da verba do fabuloso empréstimo que a Inglaterra cedeu ao Brasil, resolveu ele, entre outras melhorias, construir no local do mercado a sede da prefeitura da capital, e as paredes externas do mercado serviram como tapume ao Paço Municipal que foi erigido no seu interior.
Como a história dos nossos mercados municipais é, além de longa, farta em ilustrações, voltaremos a focalizar o assunto nas próximas páginas da Nostalgia. Vamos agora, neste domingo, para as fotografias históricas desse espaço.