Fá, Fé, Fin, Fó, Fun! Estou sentindo cheiro de absurdos! Imagino que assim versaria o gigante da história infantil João e o Pé de Feijão, neste movimento em ano eleitoral, em torno da futura e longínqua Copa do Mundo de 2014, com a possível participação de alguma competição em Curitiba. Sua majestade, a Fifa, poderá contemplar a cidade com esse beneplácito, desde que sejam feitas as mudanças que ela impõe em nossa urbe.Há sessenta anos, aconteceu no Brasil a Copa do Mundo de 1950, com dois jogos em Curitiba. Naquela época, não foram exigidas obras na cidade, o governo apenas deu uma limpada no Rio Belém, em frente do Estádio do Ferroviário, ali na Vila Capanema. Além de executarem uma terraplenagem no terreno baldio fronteiro ao clube, foi feito um acréscimo nas acomodações com precárias arquibancadas de tábuas, e nada mais. A exigência única foi de que se pagasse 1 milhão de cruzeiros para serem realizados os jogos.Naquela época, era governador do estado Moisés Lupion, que desembolsou dos cofres públicos a então vultosa quantia. Em suma, os contribuintes mesmo os que não tinham o menor interesse pelo futebol pagaram a conta. A arrecadação de tais jogos foi pífia, apesar de o estádio estar lotado e os únicos turistas que estiveram presentes foram alguns membros da embaixada da Espanha e o próprio embaixador.
Agora, passado mais de meio século, nova Copa está sendo proposta e Curitiba poderá ser sede de um ou dois espetáculos, desde que se obedeçam às exigências da arquimilionária Fifa. Em seus requisitos, a entidade dá o ultimato para que sejam feitas obras avultadas em milhões de reais, caso contrário a cidade estará fora de cogitação como participante.
O que é de se estranhar é o movimento de algumas autoridades, viajando até para o exterior, numa atitude humilhante de mendigar que se participe do evento que trará mais prejuízos, do que algum lucro. Sai mais barato se fazer um plebiscito para saber se os curitibanos, e também os paranaenses de todos os rincões, desejam que se gastem fabulosas quantias em obras para satisfazer a organização dessa federação internacional de futebol.
Curitiba, através de sua existência, cresceu, progrediu e tem a pujança de metrópole simplesmente porque foi conduzida dentro dos seus limites de gastos. Prefeitos, e mesmo governadores, sempre administraram os empreendimentos necessários com os pés no chão, para a cidade ser o que é hoje, um orgulho para todos nós, apesar de alguns senões. Algumas transformações mais recentes, sem exigências e interferências de qualquer entidade forasteira e que aconteceram dentro da necessidade da urbe, estão nas fotografias históricas que ilustram esta página.