Lembro sempre quando o saudoso padre Jerônimo Mazarotto subia ao púlpito para o seu sermão dominical e iniciava pelo Evangelho, a introdução era sempre a mesma: "Naquele tempo...". Atualmente tem acontecido isto com a gente não que sejamos pregadores de idéias religiosas, mas por lidarmos com o passado , sempre acontecem inquirições de: "Como era aquele tempo?". Lá vamos dando explicações sobre os tempos idos, com seus usos e costumes.
Curiosamente, tal inquirição sempre vem de pessoas vidradas nos tempos idos, e a maioria, por incrível que pareça, são jovens que, muitas vezes, acham que naquele tempo a vida era bem melhor, que as oportunidades eram maiores. Afinal, acham que tudo era mais tranqüilo e fácil para se lidar.
Hoje em dia recebemos o mundo dentro de casa através da televisão e falamos com ele por intermédio de telefones celulares. Tudo instantaneamente. Não muito antigamente nada disto era possível, computadores eram máquinas gigantescas, manipuladas por cientistas em filmes de ficção. O ser humano de um lado facilita a vida prática na face da Terra. No entanto, em contrapartida, liquida com o meio ambiente, degradando o que tem de mais importante para a sua sobrevivência: a Natureza. Podemos comparar o globo terrestre com uma goiaba habitada por nós, iguais aos bichos daquela fruta. Vorazmente, vamos minando a goiaba até que ela despenque podre, e lá vamos com ela para o beleléu.
Ar puro, céu azul são coisas de tempos passados. Agora mesmo, lemos a notícia que o ar curitibano é um dos mais poluídos do país. As estatísticas são altamente enganosas; a longevidade no Brasil está aumentando; e muitos macróbios estão chegando aos 100 anos. Em contrapartida, se atentarmos aos noticiários, percebemos que a juventude está morrendo em quantidade assustadora.
Efeito estufa, drogas, alcoolismo. Tudo ajuda para a nossa autodestruição. Quem tem filhos pequenos sabe o que é enfrentar um hospital para medicar uma criança atacada pela bronquite causada pela poluição do ar.
Os jovens que nos perguntam se naquele tempo a vida era melhor, e ficam atentos com olhares brilhantes diante da narração que ouvem, nos dão a impressão de que querem se apoderar da nossa nostalgia, que tem uma vontade enorme em mergulhar no passado para viverem por lá, mesmo que a vida seja por menor período.
O contato que temos com o público, geralmente, ocorre quando fazemos alguma exposição de fotografias antigas. E são nessas ocasiões que ouvimos as pessoas, trocamos informações e, principalmente, sentimos o interesse da juventude pelas coisas do passado. Para tais exposições, escolhemos sempre lugares onde haja freqüência de povo, e nada mais freqüentado do que um bom e tradicional bar. Atualmente temos, já há algum tempo, uma exposição no Beks Bar, localizado na Água Verde, e outra, mais recente, no Manekos Bar, nas imediações da Praça Ozório.
É com algumas fotos antigas, colorizadas, que estão expostas nos dois locais supra, que ilustramos a Nostalgia desse último domingo de setembro.
A primeira foto nos mostra a Praça Ozório no ano de 1915, cujos melhoramentos foram inaugurados no ano anterior, incluindo aí o relógio, o coreto e o repuxo.
A segunda foto apresenta o Passeio Público, numa movimentada domingueira no ano de 1947.
Escolhemos a imagem de um dia movimentado de carreiras no Hipódromo do Guabirotuba, em 1939, para ser a terceira ilustração.
Para a quarta foto utilizamos o antigo Mercadinho do Batel, em 1918. Este mercado ficava na atual Praça Theodoro Bayma.
Fechamos as ilustrações com a Universidade do Paraná, em seu projeto original. Usamos o tom vermelho romano por ser esta a cor que possuía até o início da década de 1940.