Quando a memória resolve viajar ao passado as reminiscências emanam muitas vezes sem aviso e as imagens já consideradas perdidas vão surgindo de uma maneira a se ajeitarem como se estivessem gravadas em filmes. Muitas vezes tais lembranças são despertadas por algum som, odor e até pelo tacto.
Para fazer tais viagens aos tempos já idos nada melhor do que velhas fotografias. Com que satisfação podemos manusear um velho álbum de família e pelas suas imagens revermos entes queridos e velhos conhecidos que há muito partiram para o outro lado da vida.
O suporte que usamos em nossa máquina do tempo, a Nostalgia, são as fotografias antigas dos espaços que existiram, figuras humanas, aspectos físicos da cidade e seus ambientes desaparecidos. Ficamos volteando pelas esquinas perdidas que se transformam conforme giramos o caleidoscópio das nossas recordações.
Muitas foram às vezes que viajamos com os mais diversos tipos de transportes que existiam, carroças, carruagens, calhambeques, jardineiras e bondes. Uma infinidade de meios de locomoções nos levando de um lado para outro na cidade antiga. Quem conheceu e andou de bonde, os velhos e saudosos bondes daquela Curitiba gostosa de tempos idos, relembra a imagem dos mesmos em detalhes.
Manuseando fotografias do nosso acervo nos deparamos com imagens que mostram o outro lado daqueles vetustos veículos. Quando atravancavam o tráfego em razão de não desviarem as obstruções que encontravam por estarem conectados aos trilhos.
Apesar de cumprirem horários, eles serviam diversas linhas, o número de carros era pequeno provocando uma série de reclamações dos passageiros. Pesando os prós e os contras pode-se afirmar que os velhos bondes não eram tão poéticos como são lembrados hoje, entretanto fazem parte da história da cidade pertencendo ao passado de nossas ruas e praças como veículos lúdicos da saudade.
Ilustramos a Nostalgia deste domingo com fotos que mostram alguns problemas que causavam os saudosos bondes curitibanos.
Na primeira fotografia, feita em 1950, vemos um congestionamento na Rua Monsenhor Celso quando um acidente ocorrido com um caminhão impedia a passagem dos bondes. O trecho da rua era entre a Rua XV e a Praça Tiradentes.
A segunda foto foi feita em 1948 na antiga estação de bondes da Praça Tiradentes. Naquela estação era o ponto final e também de partida dos veículos que serviam os diversos bairros servidos pelos coletivos. Notamos a multidão que se agrupava esperando pacientemente os seus transportes.
A terceira foto, feita na Praça Tiradentes em 1939, mostra a aglomeração de populares curiosos em volta de um bonde acidentado.
Na quarta foto aparece outro bonde trombado e descarrilado na região do Guabirotuba no início dos anos trinta, cercado pelo povo curioso.