As pessoas que acompanham esta página da Gazeta do Povo estão acostumadas a passear sobre fotografias históricas, e antigas ruas de Curitiba são revividas aqui, todos os domingos. Hoje, entretanto, vamos modificar um pouco, em lugar dos antigos caminhos da urbe estarão presentes imagens de algumas figuras que dão nome aos logradouros. A intenção é despertar a curiosidade do leitor para que se interesse em descobrir o nome do patrono do espaço onde reside. Afinal, saber quem é o cara que foi homenageado.

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Maria Nícolas, professora, grande amiga, falecida em 1988, produziu um trabalho espetacular que foi publicado em quatro volumes, espaçado em épocas diferentes, intitulado Almas das Ruas, onde a mestra, em pesquisa beneditina, levanta uma pequena biografia do homenageado. Muitas vezes, queixou-se de que o nome emprestado a uma das vias tinha em seu currículo apenas ter sido pessoa boa, religiosa e honesta. Aproveitamos para completar que o preito pode ter sido em razão direta ao número de eleitores da família do dito cara.

Na sequência fotográfica, mostramos as figuras do passado que hoje são nome de rua em Curitiba:

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Abilon de Souza Naves

Mineiro de Uberaba, nascido em outubro de 1905. Fez carreira política no PTB do Paraná. Foi secretário do Trabalho e Assistência Social do governo de Bento Munhoz da Rocha; presidente da Caixa Econômica Federal; presidente do IPASE no governo de Getúlio Vargas; diretor da Carteira Agrícola do Banco do Brasil no governo JK; e eleito senador em 1958 pelo PTB. Faleceu durante um jantar em sua homenagem, quando candidato ao governo do Paraná em 1960. Morreu com 54 anos de idade.

Antonio Alves de Araújo

O Comendador Araújo, nasceu em Morretes, em novembro de 1803. Seu estudo superior foi completado na Alemanha, onde se formou em Leis. No seu regresso tornou-se industrial da erva-mate e militou na política em Antonina, onde vivia. Como vice-presidente da província, assumiu o governo por duas vezes. Em 1885, mudou-se para Curitiba. Faleceu em 1887. A rua que leva seu nome anteriormente chamava-se Rua do Mato Grosso.

Dario Vellozo

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O professor Dario Persiano de Castro Vellozo nasceu no Rio de Janeiro, em novembro de 1869. Veio morar em Curitiba, em 1885. Trabalhou como tipógrafo nas oficinas do jornal 19 de Dezembro e exerceu diversos cargos públicos. Sob concurso, tornou-se professor de História e Pedagogia; foi maçom e anticlerical. Fundou em 1909 o Instituto Neo-Pitagórico em sua chácara denominada Retiro Saudoso, na Vila Izabel. Poeta e prosador e jornalista polêmico. Morreu em setembro de 1937.

Emiliano Pernetta

Nascido em Curitiba em janeiro de 1866. Antimonarquista, formou-se em Direito em São Paulo, justamente quando foi proclamada a República. Foi para o Rio de Janeiro, onde exerceu a função de jornalista, iniciando então a publicar suas poesias. Chegou a ser nomeado promotor público no interior de Minas Gerais. Retornou ao Paraná em 1902, onde virou professor. Publicou várias obras poéticas, o que lhe rendeu a homenagem prestada por intelectuais paranaenses na Ilha da Ilusão, no Passeio Público, quando foi coroado Príncipe dos Poetas, em grandiosa festa. Faleceu em janeiro de 1921. A rua que leva seu nome também se chamou Rua da Entrada e Rua do Aquidaban.

João Turin

João Zanin Turin nasceu em Porto de Cima, em setembro de 1875. Estudou na Escola de Artes e Ofícios de Mariano de Lima, em Curitiba; ganhou, em 1906, uma bolsa de do governo do estado para estudar Escultura em Bruxelas, onde como aluno obteve vários prêmios. No Salão de Paris foi premiado com a escultura "O Exílio", figura com dois metros de altura que está na prefeitura de Bruxelas. Durante a Primeira Guerra Mundial, residiu em Paris. Várias de suas obras estão na capital da França. No retorno para Curitiba teve uma vasta produção artística com suas esculturas ornamentando praças, tanto da capital como do interior do estado. Faleceu em junho de 1949. Na foto feita por Badaró Braga, vêmo-lo trabalhando no busto do Barão do Serro Azul. A Travessa João Turin, no Batel, anteriormente teve o nome de Travessa Borghetto.

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Presidente Taunay

Alfredo D’Escragnolle Taunay nasceu no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1843. Foi engenheiro militar e bacharel em Matemática e Ciências Físicas; exerceu o cargo de professor. Na política, foi vereador, deputado e senador. Governou as províncias de Santa Catarina e também a do Paraná. Aqui inaugurou o Passeio Público de Curitiba, no dia 2 de maio de 1886. Dentre as diversas obras publicadas, destacam-se

As Curiosidades Naturais do Paraná e o épico sobre a Guerra do Paraguai A Retirada de Laguna, ocorrida no Mato Grosso. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Assumiu o governo provincial do Paraná, em 29 de setembro de 1885, e o deixou no dia 3 de maio do ano seguinte. Morreu no Rio de Janeiro, em janeiro de 1899.

Dr. Muricy

José Cândido da Silva Muricy nasceu em Salvador, na Bahia, em dezembro de 1827. Veio para Curitiba na função de médico-cirurgião do Exército, exerceu clínica médica civil; chegou a ser deputado provincial. Foi fundador da Santa Casa de Misericórdia e cofundador do Museu Paranaense. Grande estudioso de Botânica, procurou saber as qualidades medicinais de várias espécies da flora paranaense. Recebeu diversas honrarias, tanto do governo brasileiro como também de Portugal. Foi um dos membros da comissão de obras da nova Matriz de Curitiba, a atual Catedral Basílica. O Dr. Muricy faleceu em março de 1879. A alameda que leva seu nome também já foi denominada Rua do Jogo da Bola e Rua da Assembleia.

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Monsenhor Celso

Celso Itiberê da Cunha nasceu em Paranaguá, em setembro de 1849. Aos 19 anos de idade, entrou para o Seminário Episcopal de São Paulo, onde se formou padre. Em setembro de 1873, rezou a primeira missa na antiga Matriz de Curitiba. Foi vigário de Cerro Azul, atendendo ainda as igrejas de Assungui, Apiaí, Ribeira e Ipiranga. Em 1901, vem para Curitiba como cura da Catedral. O cativante padre Celso, com seus fiéis o conheciam, era solicitado para casamentos e batizados e em cujas festas tomava parte. Seu carisma era tão forte que quando faleceu, em junho de 1930, as casas comerciais da cidade inteira cerraram as portas durante o funeral. A Rua Monsenhor Celso teve anteriormente os seguintes nomes: Ladeira do Pelourinho, Travessa da Matriz e Rua 1º de Março. Esse último, em lembrança ao dia que terminou a Guerra do Paraguai.

Nilo Cairo

Nilo Cairo da Silva nasceu em Paranaguá, em novembro de 1874, onde fez os primeiros estudos. Em 1891, entrou para a Escola Militar no Rio de Janeiro e na carreira militar chegou a capitão. Pela Faculdade de Medicina do Rio, foi diplomado médico em 1903, optando pela clínica homeopática. Junto com outros companheiros, fundou em 1912 a Universidade do Paraná, concretizando assim o antigo sonho de Rocha Pombo. Publicou diversas obras ligadas à Botânica, assim como uma sobre a cobra cascavel. Nilo Cairo morreu em junho de 1928.

Rocha Pombo

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José Francisco da Rocha Pombo nasceu em Morretes, em dezembro de 1857. Estudou na cidade natal e já aos 18 anos era professor em escola pública na localidade do Anhaia. Foi ainda jornalista e escritor. Em Curitiba, foi o primeiro a propor que aqui se criasse a Universidade do Paraná, ideia que se concretizou anos depois. No Rio de Janeiro, esteve ao lado da abolição e da criação da República. Como historiador, concretizou diversas publicações, sendo a de maior fôlego, a maior e mais completa no gênero, a História do Brasil, editada em dez possantes volumes. Faleceu o maior historiador nacional em junho de 1933, no Rio de Janeiro.