Dona Júlia
Do leitor Rubens Sommer Jr. recebemos correspondência se mostrando magoado pelo ato de vandalismo, pela segunda vez ocorrido, contra o busto de dona Júlia Wanderley, na frente da escola que leva o seu nome. O Rubens ainda acha que se deve fazer uma campanha para a recuperação do mesmo, assim como salvaguardá-lo de atos de selvageria. Outros leitores também ficaram revoltados com o ocorrido.
Com toda certeza, estaremos atentos sobre a preservação da memória da ilustre mestra. Ao governador Orlando Pessuti, ilustre amigo e apreciador desta página da Nostalgia, homem equilibrado e protetor da memória histórica paranaense, dele temos a certeza de que será tomada providência imediata no sentido de sanar tal barbárie.
O amigo e confrade atleticano Motta Ribeiro me telefonou dias atrás, pedindo esclarecimentos sobre matéria que leu em um jornal aqui de Curitiba e que gerou uma troca de opiniões entre amigos. O fato central na apreciação era onde estiveram localizados os cafés que tiveram os nomes de Alvorada, entendam-se como os cafezinhos de degustações no próprio balcão.
Curioso, como sempre, tratei de tomar conhecimento do que foi escrito. Ao terminar a leitura me veio à lembrança o véio Lulo, meu pai. Em sua sapataria, que ficava no começo da Avenida do Batel, que também era um agitado ponto de encontro, corriam os papos mais excêntricos que se tem notícia. Quando alguém repetia coisas que ouvira de outrem, distorcendo os fatos, isto por não ter tido convivência pessoal com os mesmos, o Lulo não deixava passar batido e soltava sua exclamação lapidar: "Eh, Velinho! Você ouviu o galo cantar mas não sabe em que terreiro!"
Assim está o texto que você e seus amigos leram no tal jornal, uma história escrita de orelhada, o galo cantou, mas onde? O primeiro Café Alvorada foi inaugurado na Rua XV de Novembro por outro notável atleticano, o Silzeu Pereira Alves. Estava instalado no Senadinho, espaço assim denominado entre as ruas Marechal Floriano e Monsenhor Celso. Era um ponto de encontro de curitibanos esportistas, jornalistas, políticos, artistas e outros cidadãos. Naquele espaço, além do Alvorada, existia o Café Belas Artes, o famoso Bar Paraná, a Gazeta do Povo, em cuja Pedra de mármore branco se fixavam os resumos das matérias diárias do jornal.
Ao lado da Gazeta estava instalada a Casa das Meias, sendo que na parte superior funcionava a sede do Clube Atlético Paranaense. Como vizinhos do Alvorada estavam: a loja do Miguel Baduy e a Casa Esmalte. Posteriormente, no início da década de 1950, foi inaugurado o Café conhecido como o Alvoradinha e que ficava na parte térrea do Palácio Avenida, no lado da Travessa Oliveira Bello. Nunca existiu algum café com o nome de Alvorada, no mesmo edifício, com a frente para a Avenida Luiz Xavier, onde existiu sim o Café Avenida vizinhando com a saudosa Confeitaria Guairacá.
O velho Café Alvorada do Senadinho fechou suas portas e se transferiu para o Edifício Ivo Leão, também na Rua XV, agora entre as ruas Barão do Rio Branco e Presidente Faria, entre o prédio do Grande Hotel Moderno e o edifício Lustosa, e este local jamais foi conhecido como Senadinho e tampouco o café como sendo o Alvoradinha.
É isso aí, meu caro Motta Ribeiro. A gente, que é daqui e aqui nasceu e sempre viveu, e graças a Deus tem memória, sabe em que terreiro o galo cantou e até de que raça é o chantecleir. O resto é aventura sujeita a contestações.
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