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 | Sossella
| Foto: Sossella

A parte antiga da cidade pouco mudou, o que é muito bom. Entretanto, para o lado do porto, nota-se um desenvolvimento urbano mais intenso.

Na última semana, fiz uma visita de relembranças. A convite, acompanhei o amigo Jorge Chede em uma esticada até Paranaguá. Foi uma viagem rápida e gostosa, com tempo bom. Já ao entrar na cidade, fui reconhecendo alguns aspectos do tempo em que ali trabalhei na Receita Estadual – isto nos anos 1956-57, pouco antes de entrar para a imprensa.

Quando se viaja de carona, a liberdade de ver a paisagem é bem diversa daquele que conduz o veículo. Ali, estava tudo no mesmo lugar: as ruas estreitas, as casas antigas, as igrejas e as praças. Gostosamente podia sentir uma volta ao passado, para um lugar onde vivi durante um ano há exatamente meio século.

Entretanto, esta volta ao passado não estava completa, e não se completou. Não vi nem um conhecido de antanho, principalmente os que eram jovens como eu na época. Para onde foram? Morreram? Talvez sim, os mais velhos. Cadê os que jogavam basquete no Seleto, onde por duas ou três vezes enverguei a camisa alvirrubra. E as então mocinhas flertadas nos bailes do Literário? Os piqueniques casadoiros, programados aos domingos para as ilhas da baía, tal costume ainda permanece?

Lá, estava tudo no seu devido lugar, os das lembranças; outras coisas mudaram, acompanhando o progresso. Na Rua da Praia – que ninguém recorda o verdadeiro nome, em homenagem ao General Carneiro –, está lá impoluto o tamarindeiro, árvore-marco do lugar, em que junto com o amigo Rubens "Goiaba" nos jogávamos nas águas do Itiberê, nas tardes de verão. A linfa ainda era sem poluição e, a largas braçadas, nadávamos até a lancha da Saúde ancorada no meio do rio.

Assim fui revendo um chão gostoso, onde já não existe o Campo Grande, a Rua Pêssego Junior do tempo em que era a rua da perdição, das pobres mulheres da vida. A rua ainda existe com o mesmo nome, só que há muito tempo não se ouve mais alguém dizer em sotaque parnanguara: "Vamo até a rua do pêssego dá uma ispiadinha?"

A parte antiga da cidade pouco mudou, o que é muito bom. Entretanto, para o lado da baía, no lugar conhecido como Costeira, assim como para o lado do porto e do Rocio, nota-se um desenvolvimento urbano mais intenso, como também para os lados da entrada da cidade e da velha estradinha. Pelo pouco tempo que passei em Paranaguá bateu a saudade, espero voltar para fotografar os locais que são meus velhos conhecidos da juventude.

Aleatoriamente, escolhi algumas fotos do acervo de Paranaguá para ilustrar esta página, que dedico neste domingo à festa de Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do Paraná, que hoje termina.

A primeira fotografia mostra uma vista feita em direção à Escola Normal, tendo à direita a Estação da Estrada de Ferro. À frente da escola, aparece ainda o campo onde estava instalada a agência do Correio. Tal campo não mais existe, dando lugar à estação rodoviária. A foto é de meados de 1930.

A segunda fotografia, feita no dia 1.º de dezembro de 1936, mostra o gigantesco dirigível Hindenburg cruzando a cidade. A terceira imagem apresenta a rua em direção ao porto, onde se destaca o edifício da Alfândega, prédio que ainda existe, apesar de estar meio escondido entre outras edificações. Imagem da década de 1940.

Também é do início da década de 1940 a quarta fotografia, na qual vemos o Cais do Porto onde acontece um carregamento de barricas com erva-mate destinada aos portos do Rio da Prata. Fechamos as fotografias com as imagens de dois parnanguaras ilustres: o reverenciado Monsenhor Celso, que foi pároco da Catedral de Curitiba até sua morte, e Caetano Munhoz da Rocha, que governou o Paraná em dois períodos, de 1920 a 1928.

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