Esta página especial, da nossa Gazeta do Povo, não é apenas para matar saudades dos nostálgicos leitores. Ela está aqui para informar os mais jovens como era o modo de vida no passado e mostrar o que os nossos ancestrais deixaram para o seu porvir, tanto as coisas boas quanto as más.Agora mesmo, o Brasil passou por uma temporada calamitosa de incêndios florestais, na sua Região Centro-Oeste e em vários estados da Amazônia. Faz parte da rotina no País de se fazerem queimadas nos roçados, para limpar o terreno sem esforço de mão de obra; esse fato ocorre no mês de agosto, pouco antes da primavera costume que vem desde o Descobrimento e já era aplicado pelos índios, que denominavam as queimadas de coivaras. Essa maneira de limpar o terreno também foi adotada pelos portugueses há cinco séculos.No Paraná aconteceu tal calamidade em 1963, quando as ditas queimadas de campos pegaram a vegetação ressequida pelo longo período do inverno. O incêndio se alastrou pelo estado inteiro, e os momentos mais intensos se registraram no mês de setembro. O governo do estado deflagrou a Operação Flagelo tendo recebido auxílio do mundo inteiro, até uma doação em dinheiro (3 milhões de cruzeiros) do Vaticano. Casas foram queimadas e houve mortes de muitas pessoas, além de milhares de animais dizimados.
Tais incêndios calamitosos, causados pelo próprio homem, felizmente não são frequentes. A devastação constante das florestas, entretanto, não para. O noticiário está cheio de agressões à Floresta Amazônica, diariamente, vemos pela televisão que foram derrubadas tantas árvores, que são medidas em dezenas e centenas de "campos de futebol".
No Paraná, tivemos a devastação em dois tempos. O primeiro é o chamado Ciclo da Madeira, que praticamente acabou com o nosso pinheiro (Araucaria angustifolia), árvore existente desde o período jurássico, portanto desde que existiam os dinossauros na Terra. O segundo tempo de devastação veio com a colonização do Norte do Paraná, quando, no primeiro terço do século passado, o então Sertão Desconhecido começou a desaparecer do mapa do estado, dando lugar ao quarto ciclo econômico, representado pelo café, quando alcançamos o almejado progresso. Entretanto, com um preço muito alto para a Natureza.
O pinheiro, símbolo do Paraná, ainda existe, porém em quantidade ínfima, se levando em conta que cobria a vasta área que ia de Curitiba até as margens do Rio Paraná, e na região do Sudoeste foi quase totalmente extirpado no correr da década de 1950. A região metropolitana de Curitiba sofreu espetacular devastação em suas matas secundárias, por mais de três séculos, quando a lenha era o único combustível usado. E assim o foi até o limiar de 1960, quando os combustíveis oriundos do petróleo tomaram o lugar da madeira.
Hoje a palavra de ordem é preservar, o nosso pinheiro está defendido ao corte, nos jardins e nos quintais ainda existentes, por leis ambientais. No interior, apesar de as mesmas leis o protegerem, ainda se tem notícias de que continuam certos ditos madeireiros a praticar a pirataria e o extermínio, em nome da ganância pecuniária.
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