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NOVIDADE | Mauro Campos
NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

Está chegando hoje a estação mais esperada de todo ano. Ela significa o fim do inverno e ocasiona um bem-estar que alegra o coração. É a quadra do tempo onde tudo renasce.

Atualmente, a humanidade anda apreensiva quanto ao dito aquecimento global, causado pelo efeito estufa. Por curiosidade, vamos dar uma voltinha ao passado, quando tais comentários se baseavam unicamente numa olhadela para o céu, com a célebre inquirição: Será que chove hoje? Ou então colocar a mão espalmada para fora de casa, a fim de sentir a umidade do ar ou se havia algum borrifo de chuva.

Ciclones na América do Norte ou enchentes na China, ficamos sabendo na hora em que estão acontecendo, e mesmo podemos assistir a eles, ao vivo e em cores pela televisão. A comunicação instantânea nos levou a um progresso nunca antes imaginado. Entretanto, tais informações nos privaram de curtir a calmaria local. Vivemos incomodados com a possibilidade de também sermos atingidos, sem aviso prévio, por intempéries idênticas.

Repentinamente, parece que todo mundo entende do tempo e de suas posturas climáticas. Declarações extravagantes são levadas ao público, diariamente, através de entrevistas feitas ao léu com desconhecidos pelas ruas da cidade, ou até mesmo com indivíduos considerados de maior nível de conhecimentos. São ouvidas e lidas pérolas, que impressionam pela sapiência com que são afirmadas.

Outro dia, em uma de nossas rádios, entrevistaram um desses passantes, que afirmou categoricamente que o perigo de incêndios causado pela seca nunca ocorreu por estas bandas e o que está acontecendo é culpa do efeito estufa. Isto segundo o entrevistado, que disse morar aqui no estado há mais de vinte anos. Pois é! Vinte anos! Mas só que o ilustre adventício não sabe que há quarenta e quatro anos, no mês de setembro de 1963, o Paraná foi devastado por violentos incêndios, que perduraram muitos dias enchendo as cidades de fumaça, tornando o ar irrespirável. Inúmeras casas rurais foram queimadas, com vidas humanas sendo ceifadas pela violência do fogo.

Outras declarações temos vistos de entendidos em tempo. As mais comuns, e que perduram através dos anos, são referentes a floradas adiantadas, que acontecem antes da primavera. Uma delas é sobre os ipês-amarelos e mesmo por outras flores que surgem no início de agosto. Hoje conto com mais de 70 anos, e aprendi já na infância que o ipê-amarelo deve florescer entre primeiro e quinze de agosto. Caso contrário, o clima está desregulado – o que foi comprovado poucas vezes.

No meu quintal, as árvores estão dentro do cronograma da normalidade. Amoreiras já frutificaram, e em abundância. Os caquizeiros já estão com suas folhas desenvolvidas e os cachos de nêsperas maduros. Por aqui, a natureza está dentro dos parâmetros naturais.

Neste dia de primavera, vamos tentar enxergar a poesia da estação, através da cantoria da passarada preparando seus ninhos. Vamos viver em nosso cantinho, esperando as frutas que as floradas prometem nas vegetações, que serão irrigadas pelos grandes volumes de chuva que acontecem sempre no mês de outubro. O imponderável, quando ocorrer, poderá ser amainado por gratas lembranças dos bons tempos que já vivemos.

Como a coisa hoje está em clima mais ou menos poético, vamos fazer uma viagem à calmaria de tempos passados através das seguintes fotografias: Para a foto maior, escolhemos uma feita pelo artista José Peon na Serra do Mar, no final da década de 1930, onde focaliza no pico do Abrolhos pai e filho admirando a natureza na imensidão da paisagem.

A segunda fotografia, feita em 1939 por Ewaldo Schiebler, apresenta o panorama sereno da praia entre Matinhos e Caiobá. Na terceira imagem, chegamos à bucólica Curitiba de 1905, em pleno alto da Rua Dr. Muricy, onde vemos duas cabras transitando lampeiras pelo meio da rua.

Na quarta foto, temos quatro colonas polacas batendo seu papo em plena calçada da Rua José Bonifácio, quando, talvez, a maior preocupação delas seria a safra do feijão ou o preço do repolho. Na quinta foto, temos um trecho da Rua Comendador Araújo, entre Desembargador Motta e Brigadeiro Franco, em 1915. É a imagem de um tempo em que a cidade vivia sossegada sua vidinha provinciana.

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