Amanhã tem o início da primavera. Os ipês-amarelos já haviam anunciado a sua próxima chegada no final de agosto passado. As sabiás estão abrindo seus gorjeios; e as árvores, que haviam perdido suas folhagens no outono, já estão verdejando outra vez. É o prenúncio do verão. Entretanto, como estamos em Curitiba, as temperaturas não estão muito obedientes à estação do ano tem feito um frio de lascar.
Pouco antes da entrada do inverno, no final do mês de maio, é normal ocorrer uma semana de intenso calor, mesmo após já haver geado em abril. Tal calor é conhecido como veranico de maio. Portanto, esta friagem que está acontecendo bem que poderia ser o invernico de setembro. É melhor deixar de bobagens.
O curitibano tem, na atualidade, uma série de bons espaços para curtir o ar livre e dar seus passeios. São tantos os parques que atraem a população para o lazer que o mais antigo deles acabou ficando meio escanteado, já não tem mais aquela frequência que tinha aos sábados e domingos de poucas décadas passadas. Estou comentando sobre o velho Passeio Público, que neste ano completou 127 anos de existência.
Inaugurado por Alfredo dEscragnolle Taunay, então presidente da província, no dia 2 de maio de 1886, no terreno alagado em várzea do Rio Belém com uma parte pertencente ao município, outra parte desapropriada de uma viúva de sobrenome Hauer e uma terceira de uma negra que foi escrava de Nhá Laura Borges. Na construção do parque trabalhou o engenheiro italiano Giovanni Lazzarini, que havia participado da construção da Estrada de Ferro. Como primeiro administrador, Taunay nomeou o ervateiro Francisco Fasce Fontana.
Fontana ficou no cargo até 1888, quando entrou em desentendimento com o presidente Joaquim de Almeida Faria Sobrinho e abandonou a função, não sem antes criar um incidente, fechando os portões do Passeio Público num domingo. O povo, junto com a banda que veio para animar a domingueira, abriu à força as entradas e tomou conta do ambiente. Contudo, até hoje tem gente que insiste em dizer que o Passeio Público foi doado à cidade pelo Fontana, fato que não é verdade.
Atualmente, o mais antigo parque da cidade está descaracterizado. Várias construções foram introduzidas no ambiente e muitas obras em concreto armado tiraram o visual bucólico que dava ao Passeio a condição de uma espécie de ilha da natureza no Centro de Curitiba. A frequência variável e imponderável de desocupados, apesar do policiamento, afasta a população que busca aquele ambiente para o seu lazer, assim como o da criançada.
Hoje existem pessoas que estão buscando reativar os velhos e bons tempos do Passeio Público, coisa que não tem surtido efeito a não ser a festividade que foi realizada com o patrocínio da Gazeta do Povo, denominada de Vinada no Passeio. Sinceramente, não acredito que possa haver um renascimento de frequência se a prefeitura não tomar a empreitada a peito. Fica aqui a sugestão para o Gustavo Fruet assim como ao Paulo Salamuni, com a intermediação da Câmara Municipal para que seja feita uma reestruturação tanto no ambiente como na programação de eventos no âmbito do Passeio Público. Que tal botar o pessoal da Fundação Cultural, que não é pequeno, para animar aquele espaço histórico de Curitiba. Aproveitando assim para tanto os ares de reviver que a entrante primavera nos oferece.
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