Vamos pôr a banda na rua, aqui na Nostalgia. Antigamente, na década de 1930, a data da Proclamação da República era comemorada, em Curitiba, com desfiles e atos cívicos. Atualmente, tais comemorações não são mais realizadas, é mais um feriado dedicado ao lazer.
Vamos usar a nossa máquina do tempo e festejar o feriado de amanhã com imagens curiosas e históricas da nossa Rua Quinze de Novembro, que no passado já foi Rua das Flores até 1880 , Rua da Imperatriz até a Proclamação da República, em 1889. Para tal comemoração, nada mais justo que abrir o evento com a Banda da Polícia Militar desfilando pela Quinze, sob o comando e regência do maestro Romualdo Suriani, lá na longínqua década de 1930.
Depois de ver a banda passar, nada como uma esticada para ver as vitrines das lojas com suas mercadorias expostas e enfeitadas com bandeiras, fitas e guirlandas em homenagem à data. O caro leitor nunca passeou pela Rua Quinze para ver as vitrines? É uma pena. Já se foi aquele tempo em que se podia ter tal distração. Hoje em dia, a rua após o escurecer morre. Morrem também outras ruas e praças de Curitiba. A cidade se transforma numa daquelas vilas da Transilvânia.
Ainda não vimos crucifixos atados às portas, tampouco réstias de alhos pendurados nas janelas fechadas. Entretanto, é só o que falta. Poucos se atrevem a perambular pelas ruas durante a noite. Ao longe, de vez em quando, um giroflex indica, com seu piscar, que tem alguma polícia de ronda. A luz vermelha, intermitente, é outra arma para espantar os vampiros das noites curitibanas, já que nem o símbolo cristão e muito menos o odor do alho fazem efeito sobre a marginália que se esconde nas sombras, após o pôr do sol. Pererês de duas pernas acendem seus cachimbos de crack, narinas dilatadas aspiram o pó da morte, além de milhares de pulmões jovens que absorvem a fumaça delirante da maconha. Deixemos esse tempo sujo.
Voltamos para o nosso passeio saudoso pela velha Rua Quinze e recordamos os animados carnavais do passado, os desfiles da estudantada, calouros da primeira universidade do Brasil e única então no estado, a Universidade do Paraná. Dia Santo de Guarda, procissão ao som de ladainhas e perfumada pelo incenso dos turíbulos. Ra-ta-plam dos bumbos das paradas, piazada de alvos aventais engomados desfilando e acertando o passo para a vida. Garbo da milicada verde-oliva acompanhando o som da banda, numa parada que desfila na memória pelo resto da vida.
Os festejos da data histórica e a saudosa Rua Quinze de Novembro de Curitiba ficaram apenas nas lembranças de quem viveu e viu.