Apesar de estar acostumado em lidar com velhas fotos, muitas vezes o descaso com certas imagens do passado me entristece. É muito comum chegar às nossas mãos quantidades de fotografias que não conseguimos identificar, principalmente de pessoas. Acontece muitas vezes de se encontrar nos diversos sebos existentes na cidade muitas dessas imagens, que foram botadas fora com a desculpa de que era necessário desocupar espaços.

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Lembro que, alguns anos passados, quando alguém ia tirar retrato era feito um preparo todo especial. O cabelo era cuidado, vestia-se a melhor roupa e, principalmente, o retratado devia estar bem disposto para não sair com a pior cara possível. O retrato era executado dentro de um estúdio por um profissional que tinha uma áurea de um técnico especialista, o que não deixava de ser verdade. O retratista era um mestre em sua arte, a qual mantinha protegida por segredos inerentes a um prestidigitador.

O estúdio era um ambiente de extremo respeito, o que o fotógrafo mandava fazer o retratado devia seguir à risca para que o retrato ficasse perfeito. Vira o rosto, erga a cabeça, fique um pouco mais de lado e outras tantas ordens deviam ser atendidas para que o serviço, ao seu término, caísse no agrado do freguês.

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O retratista, como era chamado o ilustre operador da câmara, tinha que ter uma paciência toda especial com sua clientela, irrequietas jovens, empedernidas matronas e, notoriamente, com a criançada. Com a arraia miúda, o retratista suava frio. O ambiente de um estúdio era uma coisa de outro mundo. Tripés, panelões de luzes, cavalinhos e cachorros; tinha estúdio que possuía cachorros empalhados e de porcelanas para dar um ambiente mais íntimo ao retratado. A câmera era um trambolho enorme e, quando o fotógrafo enfiava a cara embaixo do pano preto para focalizar, não tinha piá que não arrepiasse o pêlo e não abrisse um fenomenal berreiro. Tirar retratos, além de ser uma arte, era um tremendo jogo de paciência.

Hoje em dia qualquer um é fotógrafo, as câmeras digitais operam quase que por conta própria. As ferramentas usadas nos computadores fazem retoques em minutos, coisa que um profissional levava horas e horas para retocar, a lápis, uma chapa de vidro. Tudo está mais fácil, tão fácil que ninguém mais vai a um estúdio fotográfico para ser retratado.

As fotografias que publicamos hoje quase não possuem identificações, das pessoas que nelas estão não sabemos nada. As imagens foram feitas em Curitiba, algumas em estúdios e outras ao ar livre. Sobre as duas primeiras, podemos dizer o que é uma e a outra onde que é. A primeira mostra um grupo de atletas da Sociedade Teuto-Brasileira, atual Duque de Caxias, fotografado, no dia 10 de agosto de 1908, pelo fotógrafo August Weiss. Isto é possível porque o fotógrafo se preocupou em gravar tais informações na própria foto.

A segunda foto sabemos que foi feita no famoso Barcarola, que existiu no Juvevê, tendo gravada no verso a data de 1926. Sobre os ilustres retratados nada conhecemos. A terceira foto, então, é uma incógnita completa: oito senhoras acomodadas em torno de uma mesa ao ar livre, no fundo de um quintal. Nem data, nem nomes. A quarta foto é de um grupo de moças que deviam participar de uma peça teatral levada a efeito em algum clube alemão de Curitiba.

Finalmente, temos na quinta foto a imagem de um distinto cavalheiro retratado no estúdio de Adolpho Volk, estabelecido na Rua Marechal Deodoro número 10, isto no século 19. Junto ao ilustre, vemos um daqueles cachorrinhos de porcelana que eram usados para enfeitar o cenário.

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