Vídeo:| Foto: RPC TV

Esta página de recordações aos poucos vai saindo do passado e entrando no presente com suas histórias. Quando mergulhamos em décadas que já se foram, trazemos recordações que já se foi há muito tempo. Quando o passado está junto ao presente, muitas vezes choramos as perdas ocorridas.

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Muitos julgam que, pela maneira com que trato os fatos acontecidos, quando os coloco nesta página dominical, vivo no passado e especialmente chorando o leite derramado. Tal apreciação não é verdadeira, o escriba aqui não vive no passado, mas sim do passado. Obviamente tentando ao máximo colaborar para que no futuro os nossos pósteros possuam anotações de como foram os tempos que já passaram e o que passa a cada momento.

O vivenciamento pessoal durante os últimos setenta anos e a convivência com os muitos intelectuais ilustres do nosso meio, e que dele já partiram, permitiram que se tornassem conhecidos os fatos e as fotos aqui apresentados. Obviamente sentimos certa angústia, não só quando desaparecem pessoas conhecidas e amigas, mas também quando coisas e fatos ligados a nossa vida deixam de existir.

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Certos episódios ocorridos nos últimos anos nos dão a idéia de que em breve não possuiremos nada do que pertenceu a nossa cidade e ao nosso estado. Vimos desaparecerem grandes lojas como a Hermes Macedo, que se orgulhava do seu slogan: "Do Rio Grande ao Grande Rio". Sumiu. Assim muitas outras coisas se foram, o Banco do Estado e o banco da nossa terra então? Babau! Juntando tudo isto ao urbanismo da cidade, que muda ao bel-prazer da especulação deixando de preservar os marcos da nossa cultura.

A Gazeta publicou, na semana que passou, a intenção de compra da indústria Matte Leão pela potente multinacional Coca-Cola. A Leão Junior, proprietária da indústria de chá estabelecida no Paraná desde o primeiro ano do século passado, comemorou o seu centenário tendo montado um museu e publicado um álbum muito bem ilustrado sobre a história da firma desde o primeiro engenho. Abro aqui um parêntese para citar que, tanto para o museu como para o álbum comemorativo, foram fornecidas fotografias do nosso acervo particular, o que muito nos orgulha em ter participado do evento do centenário da Leão Junior.

Como estamos aqui para registrar os fatos passados e ajudar a preservar a memória histórica, tanto de Curitiba como do Paraná, não é sem judicioso constrangimento que vemos a possibilidade de mais uma firma de renome deixar de existir em mãos de amigos e conterrâneos, principalmente quando é esta firma uma das últimas existentes e que nasceu na fase áurea da erva-mate em nosso estado. Aconselho aos interessados em conhecer o que foi a fase econômica do mate procurar o livro "História Econômica do Mate", de autoria do escritor e professor Temístocles Linhares, que por sinal era filho do ervateiro Edgar Linhares, sócio da Ervateira Iguaçu, ou o "Engenho do Banco", como era conhecido popularmente e sediado no bairro do Batel.

Ilustro a Nostalgia de hoje com fotos ligadas à indústria do mate, sendo algumas delas da própria "Leão Junior".

A primeira imagem é do engenho Leão Junior no Batel, em 1913, onde anteriormente havia sido o engenho Tibagy, do barão do Serro Azul, e em seguida adquirido pela firma Francisco F. Fontana, cujo engenho aparece na segunda fotografia, mostrando um carregamento de barricas com erva-mate em cima de bondinhos de mulas.

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A terceira imagem, feita no final do século 19, mostra três operários socando o mate em surrões de couro para exportação ao mercado do Rio da Prata.

A quarta foto, feita em 1916, mostra o interior do engenho da Ervateira Americana, onde o soque da erva já era executado por pilões mecânicos e em barris de pinho.

A quinta imagem é de um desenho mostrando o engenho da Leão Junior situado no arrabalde do Portão. Esse engenho seguiu o destino de tantos outros, foi devorado por violento incêndio. Entretanto, a vila dos operários deu nome a uma parte do bairro, a Vila Leão.

Encerramos com a sexta foto, que mostra o vapor "Leão", da Leão Junior, recebendo um carregamento de sacos contendo erva-mate cancheada. A foto foi feita num dos portos existentes no rio Iguaçu, entre Porto Amazonas e Porto União da Vitória.