Vamos ao tempo em que foi projetado, construído e instalado o chafariz do então Largo do Mercado, obra do engenheiro Antônio Rebouças quando por aqui esteve a serviço do governo imperial. Em narrativa do professor Arthur Martins Franco já falecido, pinçamos o tópico que se segue:
"No ano de 1871 o engenheiro Antônio Rebouças Filho estava em Curitiba encarregado de projetar a estrada de ferro que ligaria Antonina a Curitiba. No dia dois de março daquele ano ao voltar de um passeio pelos arredores da cidade, em companhia do presidente da província, passa pelo campo chamado de Cruz das Almas, também conhecido como por Campo do Olho dÁgua dos Sapos, hoje Praça Rui Barbosa. Observando o manancial daquela fonte, propõe ao presidente encanar essa água para um chafariz no Largo Mercado (hoje Praça Zacarias)".
Autorizada à obra pela Assembléia Provincial, Rebouças dá início ao projeto e mete mãos à obra contratando os serviços da Fundição Hargreaves do Rio de Janeiro para executar o trabalho, tanto da fundição do chafariz como o fornecimento dos canos que foram adquiridos na usina de gás da capital do império. Depois de um árduo trabalho que demorou seis meses o engenheiro entrega a obra ao presidente da província, Venâncio José de Oliveira Lisboa, que a inaugurou no dia 8 de setembro de 1871.
O chafariz da Praça Zacarias serviu a população durante aproximadamente 40 anos, mesmo depois de estar funcionando o serviço de abastecimento instalado pelo governo do estado. Aposentada aquela peça histórica ficou por largos anos depositada nos fundos do Departamento de Saúde Pública, hoje Museu de Arte Contemporânea.
Em 1939, no dia 18 de junho, através de uma campanha encetada pelos meios culturais, o velho e histórico chafariz foi instalado no pátio do Museu Paranaense e lá ficando, funcionando, até meados da década de 1960 quando demoliram aquela vetusta mansão da Rua Buenos Aires, transferindo o chafariz para o seu local de origem, a Praça Zacarias.
No seu retorno ficou esquecido e sem proteção. Tanto é que em seu centenário, em 1971, ninguém se lembrou em festejar a nossa primeira água encanada. A cidade estava sendo modernizada e a prefeitura não tinha tempo para olhar aquela quinquilharia esdrúxula. Três anos depois aconteceu o ato de vandalismo que extirpou a domo da peça abandonada. Para completar o descaso e o desconhecimento a modernosa gestão municipal fez um tampão de cimento no topo do chafariz tirando a sua originalidade.
A desdita da peça não parou aí: sofreu mais uma agressão em 1993. Nas mexidas dos 300 anos (?) resolveram transferi-la para o alto do repuxo da Praça Zacarias sendo, portanto, rebaixada de peça histórica para mero ornamento decorativo.
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