Antiga Estação do Marumbi na década de 1930| Foto:
A maria-fumaça resfolega na estrada da Serra tendo ao fundo o Maciço do Marumbi, em foto de 1935.
Viaduto do Carvalho, pendurado na encosta da montanha. Foto de 1935
Soltando nuvens de fumaça e fagulhas, a maria-fumaça saindo de um dos túneis da Estrada de Ferro Curitiba – Paranaguá, em 1935
Dalio Zippin Filho junto com o Farofa e o Vitamina no jantar dos montanhistas, em maio passado
Trem de passageiros parado junto à primeira estação do Marumbi em 1935

Quem, no tempo de piá, não teve desejos conforme coisas e fatos inusitados eram apresentados aos olhos que estavam desvendando o mundo que nos cercava. Um avião fazendo piruetas no céu lá vinha a aspiração: Quando crescer vou ser aviador! Bastava uma sirene de uma viatura dos bombeiros para o infante sonhar com o uniforme de soldado do fogo e pendurado no estribo do carrão vermelho.Sonhos e aventuras imaginárias, quem não teve? Lembro de um colega de escola primária cuja fantasia era um dia ser alpinista nas montanhas da Serra do Mar. Mas que alpinista, seu? Aqui você só pode ser marumbinista. Era o tempo em que o curitibano viajava de trem, mais explicitamente de maria-fumaça até Paranaguá, admirando a beleza da paisagem onde o destaque maior era o Maciço do Marumbi.Desde o século 19 aquela montanha já vinha sendo escalada esporadicamente. Foi, entretanto, na década de 1930 que a atração pela montanha se intensificou, atração esta que atingiu, em maioria, elementos descendentes da colônia alemã de Curitiba. O primeiro grupo interessado em tais escaladas era formado por elementos que pertenciam ao clube denominado Bandeira Paranaense de Turismo. Já nos anos 40 foi criado o Círculo Marumbinista de Curitiba que por mais de três décadas seus membros excursionaram por todos os cantos da Serra do Mar, principalmente escalando o Pico do Marumbi.

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Quando a antiga Rede Viação Paraná – Santa Catarina foi terceirizada, o acesso por via férrea até as estações da Serra do Mar, que permitiam os passeios e o esporte do montanhismo, decaiu consideravelmente em razão do custo das passagens que aumentaram de tal forma a ponto de ser impraticável a prática do antigo lazer de fim de semana. O marumbinismo deixou de ter importância como esporte saudável, para a maioria dos jovens curitibanos, lamentavelmente.

Na atualidade poucos são os que escalam as montanhas onde dependem, para chegar, do transporte por via férrea. Obvia­­mente, em se comparando com o movimento de excursionistas que procuravam tal entretenimento saudável, junto à natureza, até a pouco mais de 40 anos.

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A nostalgia daqueles velhos tempos fez com que antigos excursionistas resolvessem se reunir uma vez por ano em torno de um jantar realizado no decorrer do mês de maio. O deste ano, para se ter uma ideia, reuniu mais de 400 pessoas no restaurante da Cascatinha, em Santa Felicidade. Uma multidão de saudosistas relembrando o passado em mistura com o presente, agora não mais ligado somente ao Pico do Marumbi. Basta o nome da ágape: Jantar da Montanha. Tal reunião acontece graças a três pessoas que ainda frequentam as fraldas da Serra.

Paulo Henrique Schmidlin, o Vitamina; Dalio Zippin Filho, notório advogado curitibano, e o Nelson Penteado Alves, o Farofa. É o trio que organiza tal encontro anual. O Vitamina que, segundo um dito do Dalio: Deste, você não conhece dois iguais. O Vita é um magrela, desde pequeno, que está para completar 81 anos de vida e que ainda revira a Serra do Mar como fazia a mais de 60 anos passados. O Farofa, também veterano marumbinista, publicou recentemente um livro de valor histórico e geográfico inestimável: As Montanhas do Marumbi. Obra digna de ter lugar em todas as bibliotecas que se prezem.