Quantas vezes não ficamos a imaginar como seria interessante poder voltar no tempo, visitar antigos ambientes desaparecidos, engolidos que foram pelo progresso constante da urbe. Ainda não foi inventado, apesar de muito imaginado, um meio que nos leve aos velhos tempos, que nos mostre como era a vida de antanho, ao vivo.
Quando se mexe para recuperar coisas antigas, que ainda existem na paisagem urbana, pode-se notar que tais restaurações em sua maioria estão voltadas para uma visão modernizada e fantasiosa de quem jamais viveu nos espaços do passado, não tendo, portanto, maneira de imaginar como as coisas realmente eram.
Preservar a memória urbana é de suma importância quando se quer legar às gerações futuras o que os nossos ancestrais fizeram em benefício à posteridade, que nada mais é que a nossa contemporaneidade.
A fantasia flutua em certas cabeças, é só observarmos quantos projetos que alguns dirigentes da cidade bolam. Aqui na Curitiba velha de guerra nos últimos trinta anos muito se comentou sobre o retorno do serviço de bondes, projetos e mais projetos foram lançados em plantas e maquetes para, no final, chegarem os ilustres projetistas que tudo não passava de um sonho impossível, pura ilusão.
Recuperar espaços esquecidos, esquinas perdidas na memória do passado, tem sido uma constante em nossa cidade. Movimentos são feitos para o regresso das coisas que se foram. Geralmente são forçadas idéias ao público, como é o caso do movimento comercial denominado Centro Vivo, sem entretanto oferecer-se a segurança necessária para a circulação do povo pelas ruas do centro da cidade.
A Nostalgia mostra, neste domingo de Páscoa, um caso especial de Curitiba no qual uma parte importante de sua urbe sofreu desativação pelo motivo de ter sido extirpado um dos maiores centralizadores de movimento de público na região: a Estação da Estrada de Ferro. Junto com ela desapareceu todo o movimento que existia na Rua Barão do Rio Branco, tendo colaborado para tal fato a transformação daquela via em uso exclusivo aos ditos ônibus expressos.
Vamos às fotografias. Na primeira imagem vemos a Praça Eufrásio Correia em 1915, quando o então prefeito Cândido de Abreu inaugurou o paisagismo do local. Aparecem as fachadas dos hotéis que ali existiam em razão do movimento de passageiros trazidos pela estrada de ferro. Hoje o ambiente mostra aspectos de abandono, inclusive com vários prédios em ruínas.
A segunda fotografia nos apresenta a Rua Barão do Rio Branco em março de 1948, quando ainda circulavam os bondes elétricos em Curitiba e o movimento de veículos e de povo era evidente pela existência de inúmeras casas comerciais, onde se destacavam, pelo volume, as lojas pertencentes a membros da colônia judaica curitibana. Na atualidade, podemos presenciar a evasão do comércio e, obviamente, do povo naquele espaço, que foi importante atrativo cosmopolita da capital.