O ambiente está fervendo e não é só no Caldeirão. O bairro Água Verde e adjacências se encontram em ebulição, e o assunto não poderia ser outro: Copa do Mundo. Pelas esquinas, os curiosos observam as obras que reviram as velhas calçadas; assim como o trânsito caótico que impera nas ruas onde o asfalto é refeito. Por todos os quadrantes a conversa é uma só, e o assunto predominante é sobre a zona de exclusão exigida pela Fifa.
Tem morador revoltado com as imposições sobre a circulação pelas ruas e o acesso as suas residências. Durante os jogos, vai ocorrer um verdadeiro toque de recolher. Alguns até lembram que durante a Segunda Guerra, quando eram feitos exercícios de blackout, a população era obrigada a ficar às escuras e não podia caminhar pelas ruas. Outra exigência é para que obras que estejam em andamento fiquem paradas e sejam ocultas por tapumes de metal. assim como todo terreno baldio ou casas que estejam em estado de abandono.
A razão de tudo isso? Simples. A Fifa não deseja que os turistas que virão assistir aos jogos não fiquem chocados com imagens negativas que o entorno da Baixada possa apresentar, ou seja: o presépio tem de estar enfeitado para inglês ver. O Estádio Joaquim Américo será o epicentro de um círculo com dois quilômetros de raio reservado para a zona de exclusão e que atinge, além do Água Verde, também o Rebouças, o Batel, chegando ainda ao Centro da cidade. Em todo esse espaço haverá restrição na circulação de veículos, além, obviamente, de outras ruas em que a Fifa achar por bem impedir o movimento de qualquer tipo de condução.
Em bares, barbearias e outros estabelecimentos onde os moradores dos bairros se encontram, o papo não é outro; com o comentário de que durante a Copa todos perderão seus direitos de cidadania. Ou seja: não serão donos do próprio nariz. O acesso ao Hospital Pequeno Príncipe só poderá ser feito a pé e ainda acompanhado por um dos policiais que estarão fazendo a segurança na zona de exclusão. Outro hospital que terá problemas é a Maternidade Victor do Amaral. Mais uma coisa que está intrigando os moradores é o uso das igrejas na região. Dia de jogo não vai ter missa?
Quem está dentro do círculo atingido pelas exigências é o Cemitério da Água Verde, e aí fica a pergunta: não será permitida a movimentação nos guardamentos? Ou então: não serão admitidos funerais nos dias em que houver jogos, cumprindo a exigência de não haver movimentação alguma nos tempos que antecedem às partidas em quatro horas e depois dessas, mais duas horas?
A Fifa ainda se reserva o direito de não permitir o funcionamento de casas comerciais, principalmente aquelas que vendem produtos que concorrem com os que patrocinam o evento futebolístico; por exemplo, bebidas de marcas diversas a que é indicada pela entidade promotora. Outra coisa que será executada, principalmente nas fachadas dos bares onde houver placas, cartazes, faixas e outras referências a produtos que indiquem concorrência, as mesmas serão devidamente cobertas para que ninguém as veja. Aqui gostaria de dar um palpite: a Fifa poderia fazer como as igrejas católicas tratam suas imagens durante a Quaresma, quando as imagens são cobertas por um pano roxo. Assim sinalizando luto. Aliás, os próprios comerciantes poderiam se encarregar dessa decoração fúnebre, para deixar marcado o prejuízo que levarão em razão de seus estabelecimentos se encontrarem dentro da zona... de exclusão.
As fotografias que apresentamos neste domingo são do Bairro Água Verde e uma da Vila Capanema.
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