Eliseu malhando na academia Cia. Athletica| Foto: Jader Rocha

Especial / perfil

Este perfil é o primeiro de uma série que retratará periodicamente figuras da sociedade de Curitiba e do Paraná

CARREGANDO :)
Eliseu em seu apartamento, nas Mercês, sempre aberto para os amigos
CARREGANDO :)

Invariavelmente é assim que muitas pessoas reagem quando ouvem o nome do médico Eliseu Portugal, de 50 anos. A pergunta remete ao físico de lutador de Vale-Tudo, que ele mantém com rígida disciplina e ostenta com indisfarçável orgulho. Afinal, a silhueta definida, ressaltada pelos braços incrivelmente musculosos, vem sendo construída há anos com sessões diárias de academia, durante uma hora, chova ou faça sol, combinadas com caminhadas na esteira ou no parque. Onde quer que esteja não fica sem malhar. Mesmo que tenha de improvisar. "De exercício físico não se tira férias", receita. Terceiro entre quatro irmãos, há 14 anos ele vive com o artista plástico e designer Eleutherio Netto, com quem firmou contrato de união estável há um ano e meio. Assumir-se gay nunca foi problema. "Sou bem resolvido em tudo porque sempre tive o apoio irrestrito dos meus pais e irmãos, o que não significa que não tenha passado pelas inseguranças típicas de todo adolescente", diz.

Publicidade

Formado pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, em 1985, é pós-graduado em Nutrologia, Estética e Fisiologia do Envelhecimento e pós-graduando em Prática Ortomolecular. Desde 1999 atua na área de estética facial e corporal. Para ele, saúde e beleza são inseparáveis.

Aliás, Eliseu cuida da própria saúde com zelo de quem é expert no assunto, evitando todo tipo de excessos, principalmente à mesa. Cada vez que vê alguém com quem tem intimidade de olho na sobremesa, vai logo avisando: "Um minuto nos lábios, uma eternidade nos quadris", fazendo da frase de Marlene Dietrich um mantra contra as calorias. Também é avesso a baladas porque dorme cedo. Sua clínica – que acaba de mudar do Batel para o alto da Avenida Silva Jardim – é frequentada não só por figuras da alta sociedade e políticos de renome, mas também por gente simples, atendida de graça. Também atuou por um tempo na área pública como chefe das 22.ª e 2.ª regionais da Secretaria da Saúde na capital nos anos 90.

Vaidoso assumido

O culto ao corpo começou aos 20 anos porque se achava muito magro, mas a inspiração foi um fisiculturista que viu numa praia carioca. E foi graças aos músculos bem definidos que ele acredita estar vivo e andando. Aos 23 anos levou um tiro à queima-roupa durante um assalto à casa de seus pais, em Pitanga, no interior do Paraná. A bala alojou-se na musculatura da coluna lombar, de onde nunca foi extraída. Ser bem resolvido "em tudo" significa também não ter problema algum em assumir que adora aparecer e jamais recusar um pedido para posar para fotos nos muitos eventos a que vai. Ele mesmo se diverte quando os amigos lhe dizem que passa acima do limite nas lombadas eletrônicas só pelo prazer de ver o flash do radar disparando em sua direção. "Nunca neguei que sou vaidoso. Acho que minha exposição é uma consequência do lado pessoal e profissional e além disso me dá prestígio", filosofa. Hoje, ele é uma personalidade respeitada da vida social curitibana, a ponto de ter sido convidado para ser embaixador de um shopping de luxo da cidade, o que lhe confere algumas regalias.

Grande anfitrião

Publicidade

Em seu closet não faltam roupas, sapatos, bolsas e cintos de grifes famosas, mas faz questão de frisar que não tem nada em exagero. Entre seus hobbies estão viajar (só não conhece o Extremo Oriente) e receber em sua cobertura, num bairro central da cidade, os amigos – aí incluídos casais da sociedade – para animados jantares, além de jantar fora "no mínimo duas vezes por semana". O apartamento, decorado por Eleutherio com obras de arte produzidas em seu atelier e objetos contemporâneos e antigos, chama a atenção pela elegância. Um dos destaques é a coleção de vasos de Murano iniciada há 20 anos. Por isso, adora abrir sua casa para os amigos, que são recebidos com esmero. Afinal, como diz, ter sem compartilhar não tem a menor graça.