Ernani com dona Flora Madalosso Bertolli, patroa e amiga de décadas. Ela diz que ele ajudou a fazer do restaurante da família um case de sucesso nacional| Foto: Fotos cedidas pela Família Madalosso
Com o casal Elvira e João Batista Marchesini
O Gordo fazia questão de parar de mesa em mesa nos almoços domingueiros para cumprimentar as famílias
Ernani cultivando amigos em mais uma mesa

Nossos domingos não serão mais os mesmos sem o Ernani, o Gordo, como todos o chamavam, a nos receber na porta do restaurante Madalosso, de sorriso aberto e com o indefectível terno preto. Transpor o pótico da recepção para um dos salões lotados sem antes bater um papinho com ele, regado a uma batidinha, era quase impossível. Tinha sempre uma quente para contar a quem quisesse ouvir. Sabia de tudo o que se falava entre aquelas disputadas mesas fartas de macarronada, travessas de radite, maionese, polenta e frango fritos, especialmente quando eram ocupadas pelos ditos homens públicos.

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Ele era a cara daqueles domingos ensolarados em que ir almoçar no Madalosso com a família equivale a um ritual a que todo curitibano, nativo ou de coração, tem de se submeter na vida pelo menos uma dúzia de vezes. Todos o adoravam, principalmente as crianças, logo cativadas por ele com seu jeitão de tio bonachão. Mesmo já não tão gordo como nos anos dourados de seu longo reinado como maître e depois gerente da casa, Ernani ainda nos lembrava aquela figura rechonchuda que recebia celebridades, chefes de estado e políticos de todas as correntes. Aliás, mal sabiam os importantes que posavam ao seu lado que ali a celebridade era ele e não o freguês, fosse quem fosse.

Era uma rara unanimidade do bem, pois dele nunca se ouviu nada que o desabonasse, que diminuísse sua simpatia inata, seu carisma de anônimo célebre. Era nosso irmão ou primo querido por parte de cidade, ao menos daquele pedaço da cidade chamado Santa Felicidade. Ernani, o Gordo, pediu a conta muito antes da hora sem tomar a saideira e retirou-se para a eternidade serenamente. Dormiu na Terra e acordou no Céu. Santa Felicidade!

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