O discurso da presidente afastada Dilma Rousseff, ontem, no Senado, parece fazer, em alguns momentos, referências ao próprio PT e a altas figuras do partido. Vejamos: “Se alguns rasgam o seu passado e negociam as benesses do presente, que respondam perante a sua consciência e perante a história pelos atos que praticam. A mim cabe lamentar pelo que foram e pelo que se tornaram”. Não é, mas poderia ser uma referência ao ex-presidente Lula, agora indiciado pela Polícia Federal.
A gente não fazia igual?
A referência mais explícita ao PT do passado parece estar neste trecho. “Desde a proclamação dos resultados eleitorais, os partidos que apoiavam o candidato derrotado nas eleições fizeram de tudo para impedir a minha posse e a estabilidade do meu governo. Disseram que as eleições haviam sido fraudadas, pediram auditoria nas urnas, impugnaram minhas contas eleitorais [...]. Tudo fizeram para desestabilizar a mim e a meu governo. [...] Não se procurou discutir e aprovar uma melhor proposta para o País. O que se pretendeu permanentemente foi a afirmação do ‘quanto pior melhor’, [...] sem pensar nas consequências que seus gestos trariam para o país e para o povo brasileiro”. Alguém aí se lembra da eleição de 1989, quando Collor derrotou Lula e o PT não sossegou enquanto não o viu fora do poder e recusou apoio ao governo do vice Itamar Franco de olho na sua sucessão?
Que setores, doutora?
A imprensa também foi lembrada por Dilma como conspiradora. “Articularam e viabilizaram a perda da maioria parlamentar do governo [...] com apoio escancarado de setores da mídia” para logo em seguida dizer: “Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por uma chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declarações à imprensa (grifo da coluna) um dos próprios denunciantes”. Se tal denúncia saiu na imprensa, então como esta podia estar conspirando contra a presidente?
Que setores, doutora? 2
Por último, Dilma reclamou não haver respeito ao devido processo legal. Quando oposição, petistas graduados não titubeavam para ir à imprensa acusar algum adversário de algo, dedo em riste, sem preocupação com o devido processo legal hoje reclamado. Talvez um impeachment no currículo sirva de lição ao Partido dos Trabalhadores para se reerguer e continuar a lutar no tatame democrático.
- O advogado Carlyle Popp lança hoje, às 18h, seu romance de estreia, O Senhor da Minha História, no estande da editora InVerso na Bienal do Livro de São Paulo.
- O Museu Oscar Niemeyer recebe hoje, às 19h, os integrantes do programa Sou Patrono para a apresentação das obras que vão compor seu acervo, seguida de coquetel.
Deixe sua opinião