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 | Mauro Campos
| Foto: Mauro Campos

Co ragem pra mudar Curitiba. E você?”. É com este slogan que o advogado Maurício Thadeu de Mello e Silva pretende desafiar o eleitor curitibano na eleição para a prefeitura da capital deste ano. Com 37 anos incompletos, é dos mais jovens candidatos ao cargo. Cumpre seu primeiro mandato de deputado estadual pelo PMDB, eleito com 50.167 votos – o que o colocou entre os quatro mais bem votados do partido na última eleição. É casado com a procuradora da Fazenda Nacional Carolina Vasconcelos desde 2007, com quem tem os gêmeos Marcelo e Matheus, de 1 ano e sete meses. Primogênito do senador Roberto Requião, Maurício adotou o nome Requião Filho na política. Deu certo. Agora, tenta uma cartada maior e repetir a trajetória vitoriosa do pai, que há 31 anos e aos 44 de idade saiu da Assembleia Legislativa direto para o Palácio 29 de Março, após derrotar o mito da política curitibana Jaime Lerner em um pleito histórico. Na última quinta-feira, a coluna conversou com o candidato da coligação PMDB-Rede num café do centro de Curitiba.

Por que decidiu ser candidato a prefeito de Curitiba?

RF: Porque eu acho que Curitiba parou e eu, como bom curitibano, gosto daquela Curitiba que inovava, que era modelo, a Curitiba que trabalhava nos bairros, que tinha um transporte público barato, um transporte público modelo pra todo mundo. Por isso. Porque Curitiba parou eu acho que eu posso, junto com uma bela equipe, colocar Curitiba de volta pra funcionar.

Onde a cidade parou?

RF: Curitiba parou no cuidado com as pessoas, nas inovações. Veja, um bom transporte público não é uma questão de inovação, mas sim de atender as pessoas que precisam de um bom transporte. Creches funcionando nos bairros não é uma questão de inovação, é uma questão da cidade atender a sua população para que as mães possam trabalhar. Então, eu acho que Curitiba parou. E além de ter parado nessas inovações, nesses novos modelos de parques, de teatros, essa Curitiba cultural, essa Curitiba que é vendida até hoje no exterior, nós paramos também na parte social.

Por que o eleitor curitibano, especialmente o mais conservador, deve ter coragem, já que essa é uma palavra que você usa na sua campanha, para escolher um candidato jovem e sem experiência no Executivo?

RF : A juventude me garante força, garra e ímpeto do trabalho. Lembrando os prefeitos de Curitiba, as grandes intervenções do Jaime Lerner foram feitas quando ele foi prefeito com a minha idade...

Intervenções que seu pai sempre criticou.

RF: Não. Nós nunca criticamos o [ônibus] expresso. Nunca criticamos [o calçadão] a Rua XV de Novembro. Nós criticávamos quando o bairro deixava de ganhar para que fosse feita a Ópera de Arame, era uma questão de hierarquia, não de ser contra a obra, mas é que primeiro precisa atender o bairro e depois se busca a parte mais cosmética do mobiliário urbano. Você, quando compra uma casa ou vai reformá-la, primeiro você reforma a fundação, a hidráulica e a elétrica e depois faz a piscina. Mas o Requião era próximo da minha idade quando foi prefeito e conseguiu fazer uma creche por semana, conseguiu trazer os postos de saúde e fazer a revolução social que fez nos bairros. Jango, quando foi presidente e causou essa revolução no Brasil, de direitos trabalhistas, de grandes obras, de investimentos, tinha uma idade próxima à minha.

Sua imagem é bastante associada à do seu pai, ex-prefeito de Curitiba, ex-governador três vezes e senador pela segunda vez, tanto que você usa o nome Requião Filho. A sua candidatura está calcada nesse DNA político?

RF: Eu tenho um orgulho danado de ser filho do Requião. Isso está na marca, está no nome usado, Requião Filho, e eu devo muito a essa marca, a esse nome e a essa escola. Mas tem uma boa parte desse eleitorado curitibano que vem na marca Requião, no jeito Requião de governar. Mas tem uma parte que já passa a me conhecer, a conhecer o meu trabalho na Assembleia Legislativa, as posições que tenho tomado como líder da oposição. Então tem uma grande carga do nome Requião, da marca, do saudosismo de um prefeito que cuidou dos bairros de Curitiba e tem também o meu trabalho na Assembleia, tem uma percentagem grande já nisso hoje.

Você diz que todo mundo está cansado de circo, inclusive você. Acredita que esses novos tempos que a política requer, levando em consideração os anseios da sociedade, a marca Requião ou o jeito Requião de administrar ainda seduz o eleitorado?

RF: Veja, o Requião é o Requião, eu sou eu. O meu jeito Requião de administrar é transparência e execução dos projetos. Decisões tomadas de forma bem pensada, mas na hora exata, na hora certa. Eu acho que o nosso jeito é puxar para nós a responsabilidade de tomar a decisão. E o jeito de fazer a nova política, o jeito de administrar hoje tem que ser mais democrático. A gente tem que buscar mais a participação. A solução de Curitiba está no cidadão curitibano, nós temos essa capacidade de nos reinventar, nós temos a capacidade de juntos conseguir pensar novas ideias, novas soluções. Eu acho que isso me difere, essa modernidade que a gente busca, essa transparência, essa democracia através da internet, da participação popular . E o que me garante, o que me avaliza é o jeito Requião de garantir a transparência e a lisura do processo.

Seu pai será seu conselheiro caso seja eleito prefeito?

RF: O meu pai vai ser o meu pai. Eu acho que ter um conselheiro como o Roberto Requião, que foi o prefeito que saiu com a maior taxa de aprovação da história de Curitiba, era o prefeito número um do Brasil com o trabalho que ele fez, é um privilégio. Esses dias, andando pelos bairros de Curitiba, encontrei inúmeras pessoas que lembraram do trabalho dele na prefeitura, das creches, das manilhas, da implementação de escolas e postos de saúde. Então, ter o privilégio de ter o Requião, com a experiência que ele tem, como conselheiro, é para poucos. E ter um pai como o Requião, que é uma pessoa extremamente carinhosa e um avô maravilhoso, perto de mim para poder me acudir, se necessário, é algo excepcional e vai ter sim participação, mas as decisões são minhas, o jeito é meu. Se eleito, o mandato é meu.

O slogan da sua coligação é Curitiba Justa e Sustentável. Em 1985, quando o seu pai disputou a prefeitura, era Curitiba Bela e Justa. É uma homenagem àquela campanha vitoriosa?

RF: É uma homenagem ao Curitiba Bela e Justa e uma cidade justa é uma cidade segura. Uma cidade justa é uma cidade que garante escola para as crianças estar fora da rua, que garante emprego ao chefe de família, à mãe, é uma cidade que dá condições de as crianças terem escola integral, turnos e contraturnos nos colégios, afastando-as das ruas e tirando-as desse mundo que, quando sem esperança, a criminalidade acaba ganhando. Então, a cidade justa e sustentável. O sustentável vem de uma cidade que precisa se apoiar. O Cajuru só vai crescer se tiverem novas empresas, novos negócios, e a região central só vai dormir tranquila se os bairros tiverem emprego e educação. Então, a cidade sustentável não é só do ponto de vista ecológico. É do ponto de vista da simbiose necessária, é uma só Curitiba e ela precisa estar inteira, em bom funcionamento, para que ela seja justa.

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