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Para um arqueólogo, descobrir uma tumba deve ser algo sensacional. Muito mais se for a tumba de um rei. Ainda mais se esse rei pertencer a um tempo sobre o qual ainda pouco se conhece, antediluviano ou coisa que o valha. Dá até para imaginar aquela laje de pedra ali, tampa ou porta livre das areias, prestes a revelar seus segredos.

Foi o que aconteceu há alguns meses, quando pesquisadores gregos descobriram um mausoléu em Anfípolis, no nordeste do país. Verdadeiro complexo repleto de leões de pedra, cariátides e coisas que tais, tão grande que levará anos até ser visitado por completo. E que, pelos deuses, poderia ser a morada final de Alexandre da Macedônia. Os arqueólogos, na verdade, não acreditam que seja a tumba do imperador, mas a de um de seus parentes ou generais. Se for só a de um coadjuvante histórico, dá até para imaginar a grandeza do mausoléu imperial. Pensando bem, não dá.

Pois no Japão, meses atrás, enquanto escavavam uma montanha artificial em Kashihara, na região de Nara, arqueólogos descobriram o sepulcro de um personagem importante, possivelmente um líder local, do século 5.º. Achado digno de respeito, tornado ainda melhor pela presença de uma misteriosa peça de vidro, um pratinho azul, cuidadosamente acrescido ao tesouro do falecido.

Por que não são encontradas peças japonesas em tumbas europeias, é um mistério. Talvez elas estejam lá, à espera apenas da pá e do pincel do arqueólogo

Na medida em que pratos azuis de vidro não faziam parte da indústria local, os pesquisadores quebraram a cabeça até descobrir que ele vinha do Império Romano. E que, coisa ainda mais incrível, havia sido fabricado pelo menos 200 anos antes da época da tumba. Ou seja: além de vir quase de outro planeta, provavelmente ainda era uma relíquia de família! É muito para a cabeça de quem pensava que essa história de globalização é coisa recente.

Inquiridos pelos jornalistas, os pesquisadores disseram que o pratinho apenas demonstrou algo que a arqueologia já sabia, que o Japão era um grande consumidor de produtos importados desde a noite dos tempos. A peça, segundo eles, deve ter deixado o Ocidente e cruzado a Ásia pelas mãos de mercadores do Império Sassânida, circulado pela Rota da Seda e chegado à China da Dinastia Wei, onde foi embarcado rumo ao arquipélago nipônico.

Por que não são encontradas peças japonesas em tumbas europeias, é um mistério. Talvez elas estejam lá, à espera apenas da pá e do pincel do arqueólogo. Talvez, se isso é possível, as tumbas tragam tesouros ainda mais extraordinários, de espadas samurai a espigas de milho, obsidiana e alabastro. É sonhar, enfim, para ver.

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