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A épica vitória de ontem sobre a Holanda foi a 11.ª seguida do Felipão em Copas – 7 com o Brasil em 2002, 4 com Portugal aqui. O Equador deu o mesmo trabalho à Inglaterra que o México deu à Argentina, mas Beckham resolveu tudo. Victoria pode abraçar seus filhos na platéia e dizer "Papai ganhou, papai ganhou!" e os ingleses, sem ainda convencer, podem continuar na Alemanha. Agora pegam o Felipão.

O futebol atual é um exemplo de globalização que deu certo. Não é apenas o fato de estar-se jogando a mesma bola em toda parte e não existirem mais primitivos e ingênuos no futebol. Os grandes clubes com jogadores do mundo inteiro também são como as grandes multinacionais em seu universo sem fronteiras, buscando mão-de-obra onde melhor lhes convém. Os jogadores amam suas pátrias e morrem pelas suas cores, mas são fiéis às suas carreiras internacionais, aos seus empregadores – quando não às grifes que os patrocinam – antes de mais nada. Mas o curioso é que quanto mais globalizado fica o mundo dos grandes clubes e dos grandes jogadores, mais tribalizado fica o mundo dos torcedores. A grande moda desta Copa é a das torcidas com as caras pintadas, quando não o corpo todo coberto com o que só pode ser chamado de pintura de guerra. É tudo feito no espírito de farra, claro, uma maneira de participar da disputa sem entrar em campo, mas não deixa de ser intrigante que enquanto o futebol se sofistica as torcidas recuperem a forma mais primitiva de identificação tribal. Seria bom pensar que se trata de uma reação instintiva do nacionalismo à globalização. Mas não é mais do que uma moda. E uma curiosidade.

Felizmente, as maiores ameaças previstas para esta Copa – homens bombas e ingleses bêbados – não se confirmaram. Os ingleses (e os alemães, e os holandeses, e todo o mundo) estão bebendo muito, e é mesmo difícil imaginar que em algum outro momento na história do mundo tanta gente tenha consumido tanta cerveja em tão pouco tempo como nesta Copa. Os torcedores ingleses incomodam, como sempre, e as batalhas de rua se repetem, mas ainda não aconteceu nenhuma tragédia. E os terroristas não apareceram. Como vendem mais cerveja em garrafa do que em lata por aqui, o maior perigo para todos tem sido cacos de vidro no chão. O que, comparado a o que poderia ter sido, não deixa de ser um alívio.

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