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O futebol deste Mundial tem sido muito ruim. Seleções nacionais representam isto mesmo, escolhas, a convocação dos melhores jogadores de cada país. Vendo tanto passe errado e tanto chute torto a gente se pergunta: se isso é o melhor que eles têm, como não serão os outros? Os jogadores deveriam pensar nisto, em como o seu vexame reflete nos que ficaram em casa. Nos não-selecionados, nos seus inferiores. Deveriam caprichar por consideração aos que ficam teoricamente piores a cada má atuação de um melhor. Por uma questão de simples humanidade. É verdade que ninguém espera ver futebol espetaculoso numa Copa do Mundo. Numa Copa as coisas se concentram, a emoção domina e todo lance parece, e muitas vezes é, definitivo. Fica difícil jogar bonito quando uma brilhatura pode custar uma classificação. Mas pode-se jogar bem – ou pelo menos acertar passes e chutes – sem jogar bonito. A eficiência, mesmo tosca, tem a sua própria beleza. Basta aos jogadores, a cada passe ou chute, se lembrarem dos seus conterrâneos.

Tudo isso para dizer que os jogadores de Gana honraram todos os jogadores de futebol do seu país e várias camadas de antepassados com sua participação nesta Copa. Contra o Brasil erraram muitos chutes a gol, é certo, mas acertaram o bastante para tornar Dida um dos destaques do jogo. Ficaram mais tempo com a bola, atacaram mais e o que é mais importante – e mais raro, considerando-se os jogos até agora – fizeram uma boa e movimentada partida de futebol. E é bom lembrar que em pelo menos um gol do Brasil o bandeirinha, que não sei de que pátria é, ajudou a nossa.

Appiah, capitão e melhor jogador de Gana, deu quase uma aula de como deve jogar um número dez moderno. Foi para o seu time o que o Ronaldinho Gaúcho ainda não conseguiu ser para o Brasil. Tanto que ontem, talvez porque o contraste estava sendo evidente demais, o Ronaldinho Gaúcho foi destituído das suas funções no meio da partida.

Appiah, mais do que os outros jogadores do seu time, merece a gratidão de todos os seus colegas em casa.

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