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A publicidade vive atrás de "mídia" nova, ou espaços para propaganda além dos tradicionais. Me ocorreu que neste novo momento da vida nacional, com o Ministério Público e a Polícia Federal investigando, indiciando e prendendo gente que antes ninguém poderia imaginar, abriram-se oportunidades inéditas para agências e anunciantes inovadores. Os novos acusados são notícia justamente porque são surpreendentes, e como tal atraem a atenção da imprensa e do público. Por que não se pensar no corrupto célebre como veículo publicitário?

O momento favorece o marketchim inovador. Saímos de uma fase de impunidade total para uma de responsabilização parcial, ou experimental, da corrupção. Empresários e políticos começam a ser presos com alguma regularidade. Como raramente ficam presos, as cenas de detenção espalhafatosa e saídas depois do habeas corpus também espalhafatosas se repetem, com grande cobertura grátis da imprensa. A polícia poderia ser convencida a colaborar, fornecendo macacões para os detidos famosos como os de pilotos da Fórmula 1, com amplos espaços para grifes.

Outra coisa: os dossiês. Pelo menos em tese, esses dossiês que há anos cruzam os ares e circulam pelas redações do país – quando não são inventados, claro – vêm em pastas, e cada pasta tem duas capas. Ou seja, quatro exemplos de mídia ainda não aproveitada. O próprio governo poderia comprar espaço nas capas e contracapas dos dossiês para anunciar seus programas e serviços, já que seu público -alvo é o dos chamados "formadores de opinião". Tendo apenas o cuidado de anunciar em todos para não dar a impressão de estar favorecendo ou discriminando este ou aquele acusador ou corrupto.

Outro exemplo: a revelação de que o banqueiro extraditado Cacciola estava comendo lagosta na prisão indignou muita gente, mas poderia ter levado algum publicitário empreendedor a procurar o fornecedor da comida do Cacciola e sugerir uma campanha. "Torne-se cativo da nossa lagosta você também", ou algo parecido. O próprio Cacciola poderia gravar um testemunho, ou ser convidado a fazer um programa para a tevê diretamente da prisão, com recomendações de pratos para pedir na cela e os vinhos correspondentes.

Outro exemplo... Mas chega. Quem já trabalhou em publicidade sabe que uma coisa que o público não gosta é de ironia demais.

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