A luta de classes lembra dela? voltou. Dizem que quem compra em lojas de grife na Quinta Avenida de Nova York está pedindo para botarem as compras em sacolas de supermercado, para evitar olhares raivosos na rua. A revolta com os "fat cats", gatos gordos, cuja desonestidade e incompetência estão pondo abaixo a economia americana foi atiçada quando os executivos das três maiores montadoras de carro do país chegaram a Washington para pedir dinheiro ao governo, cada um no seu jato particular. A desculpa era que teriam ido de carro se seus carros fossem de confiança. Revelou-se que muitas das financeiras subsidiadas para não falirem estão usando parte da ajuda para dar as regalias e os milionários abonos de sempre aos seus executivos. O socorro ao capital financeiro mundial lembra aqueles programas adotados em países que em vez de combater o comércio de drogas dão dinheiro para o usuário manter seu vício sem precisar recorrer ao crime. As financeiras estão sendo pagas com dinheiro público para manter seus maus hábitos. Acho que foi o Paul Krugman quem escreveu, estes dias, que a única diferença entre o esquema do mega-vigarista Bernard Madoff e o que, em essência, faz todo o setor foi que o Madoff se auto-denunciou. Senão, ele também acabaria recebendo dinheiro para sustentar seu vício.
Resposta
Espero que não tenha acontecido com você o que aconteceu comigo. Papai Noel respondeu ao e-mail que mandei com meus pedidos de Natal, mas num tom irritado que em nada lembrava o jovial velhinho. Sarcástico, perguntou se eu tinha alguma idéia do que significaria, em termos de negociações, propostas e contrapropostas, inclusive com o marido para não falar na logística da adequação dos seus contratos profissionais e, ainda por cima, a dificuldade para embrulhá-la adequadamente e colocá-la embaixo da árvore , ele me dar a Catherine Zeta-Jones de presente. Argumentou que meu pedido estava completamente fora da realidade e que eu aparentemente não lia os jornais, senão saberia do seu total engajamento numa missão que exige toda a sua energia e todo o seu tempo: nada mais nada menos do que a salvar o sistema capitalista mundial. Contou que tinha sido recrutado para distribuir sacos e sacos de dinheiro a grandes empresas ameaçadas de falência e não tinha condições para atender pedidos sequer de bonecas de pano, o que diria de presentes mais caros como o meu, neste Natal. Estava convencido de que sua ajuda seria importante, talvez decisiva, mas temia que ela o debilitasse, financeiramente de maneira irreversível. "No próximo Natal estarei falido e quem será o meu Papai Noel?", perguntou, antes de me xingar de novo.
Consolo
(Da série "Poesia numa hora dessas?!")
Console-se, é evidente: um dia ainda vamos rir de tudo isto histericamente