Havia uma faixa no meio da torcida francesa, ontem: "Zidane – Pour la legende". Zidane deve ter lido antes do jogo.

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Os dois times eram parecidos. Os dois tinham treinadores combatidos e escalações discutidas. Os dois tinham jogadores considerados velhos demais para ainda estarem na seleção, jogadores frustrando quem esperava mais deles e atuações opacas de quem prometia ser brilhante. No país de cada um, havia críticos questionando os times e um público ainda não totalmente convencido com seus resultados nesta Copa, apesar dos dois estarem se enfrentando numa quarta-de-final. Mas acima de tudo os dois times tinham legendas chegando ao fim ou tentando se criar e precisando jogar por elas. As legendas brasileiras não justificaram sua fama ou suas pretensões. A maior legenda do time francês deu uma aula de futebol.

Havia outras diferenças entre os dois times. Em primeiro e óbvio lugar, a história. O Brasil cinco vezes campeão do mundo e seis vezes finalista, a França só uma. Brasil o país do futebol vencedor, França o país do futebol vistoso mas perdedor. Como os times se pareciam em outros quesitos, o peso relativo da história de cada um talvez fosse decisivo. Um lado com o peso do seu sucesso histórico, tendo de ser sempre igual ao seu passado. O outro com o peso das suas frustrações históricas, tendo que superá-las. Mas no fim a história decidiu de outra maneira: Zidane jogou pela sua história pessoal. Se sua legenda, na hora do seu ocaso como jogador, estava precisando de uma sobrevida consagradora, ela foi assegurada ontem. A legenda ficou maior do que antes.

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Agora não é a hora para explicações. Parreira caiu, elegantemente, com suas convicções intactas. Por que as legendas brasileiras falharam e os candidatos a legenda não justificaram seu postulado são mistérios para elucidação futura. A hora é de honrar Zidane.