França e Itália. Final mais européia impossível. A Alemanha ainda está se reintegrando na Europa, Portugal ainda não se integrou completamente. Sobrou a "velha Europa", como a chamaria o Secretário de Defesa americano Donald Rumsfeld. Só para enfatizar a ausência de latino-americanos na festa.

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O banco português estava irritado com o técnico francês, Domenech, por alguma razão. O Felipão só faltou ir lá lhe dar uma bolacha. A verdade é que a França foi exasperante. Fez o estritamente necessário para ganhar, depois só segurou Portugal fora da sua área. Zidane desta vez não foi brilhante mas foi a sua simplicidade, e a precisão e a economia do seu futebol, que ditaram o estilo do time.

O grau de neurose de cada época se mede pela disposição das pessoas a acreditar em bruxarias e desígnios ocultos. Coisas como epidemias e a aproximação de milênios favorecem especulações metafísicas, explicações esotéricas, falsos profetas. A perda da fé também leva as pessoas a perseguir causas secretas para tudo. Segundo G.K. Chesterton (escritor e jornalista inglês, ultracristão), quem deixa de acreditar em Deus não passa a acreditar em nada, passa a acreditar em qualquer coisa. Se Chesterton escrevesse sobre futebol diria que quem se desilude com o seu time, em vez de não acreditar mais nele passa a acreditar em qualquer hipótese, racional ou não, para a sua queda. Uma teoria conspiratória muito ouvida nesta Copa, por exemplo, era que estava tudo armado para a Alemanha ser campeã, o que explicaria o fracasso de outros favoritos.

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Mas também tem aquele outro adágio: se todos à sua volta parecem ter perdido a razão e só você mantém a cabeça no lugar, talvez você seja o único que ainda não se deu conta da gravidade da situação. O escândalo do juiz que arranjava resultados no Brasileiro do ano passado (aquele que roubaram do Internacional) e o atual escândalo dos resultados combinados na Itália tornam verossímeis todas as teorias sobre a influência de desígnios ocultos nesta Copa.

O jogo Alemanha e Itália serviu para confirmar uma coisa: o zagueiro italiano Cannavaro é o melhor jogador da Copa.

E agora: para Berlim! Para Berlim!