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Curitiba

Com 1 milhão de veículos, 1 milhão de problemas

Está dada a largada. Dentro de aproximadamente um mês, Curitiba deve chegar a seu veículo de número 1 milhão. O cálculo foi feito pela prefeitura municipal, com base em índices de crescimento da frota levantados pelo Detran-PR. A cada mês, aumenta em 0,56% a quantia de carros de passeio, motocicletas, ônibus, caminhões e afins na cidade. Em maio, o descomunal comboio curitibano já estava em 991.008 veículos, sendo 722.363 automóveis, com folga a modalidade mais comum. Não à toa, virou alvo das discussões que transformaram a capital num campo minado desde setembro do ano passado, quando a prefeitura aproveitou o Dia Mundial sem Carro para anunciar a chegada do "milhão".

A cifra não foi saudada com tiros de canhão no Quartel do Bacacheri. Primeiro, fez-se a conta: 1 milhão de veículos divididos por 1,7 milhão de habitantes, igual a menos de duas pessoas por carro. Mesmo que apenas 30% da frota saia às ruas diariamente, de acordo com dados da Urbs, a imagem do "menos de dois por um" equivale à visão do Inferno. Em que se transformou a cidade-modelo em planejamento urbano?, pergunta qualquer curitibano que tenha visto nos últimos 30 anos pelo menos uma propaganda institucional da prefeitura.

De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o Paraná comercializa 25 mil veículos por mês, ocupando a confortável posição de 8,2% do mercado nacional. E Curitiba representa 55% do mercado paranaense. Não é tudo. É consenso de que para cada carro novo são vendidos, em média, cinco usados. Mas não causaria espanto descobrir que o desempenho curitibano supera essa marca.

Os números novamente conspiram. Dados da Associação de Revendedores do Paraná (Assovepar), fechados no final de 2006, indicam, apenas na capital, 789 lojas de carros usados. Somadas às da região metropolitana, esse número chega a 1,3 mil revendas. Para coroar, as concessionárias somam 84 estabelecimentos em Curitiba. Quem não quiser fazer contas, basta circular por avenidas como a Marechal Floriano Peixoto, Presidente Kennedy e Mário Tourinho, para citar três shoppings a céu aberto em que carros são um objeto de desejo. Ou imaginar como seria se os 1.717 estabelecimentos comerciais do agitado bairro do Portão vendessem, na sua maioria, veículos.

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