O Paraná é o quinto colocado em número de casos notificados de aids no país, segundo o Boletim Epidemiológico 2007, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. De acordo com o levantamento, no estado, 23.144 pessoas foram infectadas pelo vírus da doença entre o ano de 1980 e o mês de junho de 2007, período em que os dados foram coletados. Apesar de aparecer entre os primeiros estados, a incidência de aids no Paraná vem diminuindo desde o ano de 2003.
Para fazer o levantamento, o Ministério da Saúde coletou dados sobre a aids nos 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Em primeiro lugar aparece o estado de São Paulo, com 181.641 casos registrados. Rio de Janeiro é o segundo colocado com mais notificações, 67.494. O estado do Rio Grande do Sul vem em seguida, com 43.388. Logo atrás, aparece Minas Gerais, com 33.046. O Paraná fecha a lista dos cinco primeiros, com pouco mais de 23 mil casos.
Os números divulgados pelo Ministério da Saúde são contestados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). De acordo com a técnica de vigilância de epidemiologia do órgão, Wilsa Regina Amaral Zenere, o ministério somou os números de aids e HIV no estado para fechar o balanço. Dessa forma, os dados foram inchados.
"O HIV é quando a pessoa está infectada, mas ainda não apresenta sintomas da doença. A aids é quando a pessoa está em tratamento, toma remédio e já apresenta os sinais da doença", explicou Wilsa. Segundo a técnica, no Paraná o número de casos de aids em adultos de 1984 até 2006 foi de 18 mil além disso, do ano de 1987 até 2006, 760 crianças apresentaram a doença.
Para o Grupo Dignidade, organização não-governamental (ONG) que representa os homossexuais em Curitiba (gays lésbicas e trans-sexuais), o estado é carente em trabalhos de prevenção em relação à aids. "O Paraná precisa divulgar mais a prevenção da doença para grupos específicos, não somente em datas especiais como Dia dos Namorados, carnaval e na época da parada gay. O estado não tem tempo para dar conta de todo o trabalho de prevenção e isso acaba sendo feito pelas ONGs", afirmou o diretor-administrativo do Grupo Dignidade, Enéias Pereira.
Brasil
De acordo com a análise do Ministério da Saúde, de 1980 a junho de 2007, foram notificados 474.273 casos de aids no Brasil. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de aids tende à estabilização, enquanto que a tendência é de crescimento no Norte e Nordeste. No período pesquisado, houve um aumento dos casos de aids entre heterossexuais, estabilização entre homossexuais e bissexuais e redução entre usuários de drogas injetáveis (veja quadro). Em homo ou bissexuais jovens, no entanto, a tendência é de crescimento.
Para Enés Pereira, do Dignidade, não se deve comemorar o fato de a aids não ter aumentado entre o público homossexual. "A estabilização dos dados nos preocupa. Precisamos trabalhar para diminuir esse número", definiu o dirigente da ONG.