• Carregando...

Um ano após o desabamento que causou a morte de um caminhoneiro e com atraso de sete meses no cronograma de obras, a ponte sobre o Rio Capavari-Cachoeira, na BR-116, principal ligação do Sul do Brasil com São Paulo, deve estar reconstruída no final de fevereiro. A informação é do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (Dnit), que também vai recuperar a ponte intacta. Assim, até o início de abril a ponte reconstruída terá tráfego em sentido duplo. Por dia, passam pelo trecho 30 mil veículos.

Desde a queda da ponte, em 25 de janeiro de 2005, o Dnit fixou diferentes datas para a reconstrução. Três situações de emergência foram decretadas. Na última, o início dos trabalhos estava vinculado ao processo licitatório. Com tal cenário, a reconstrução chegou a ser cogitada somente para o primeiro semestre de 2006.

O coordenador regional do Dnit no Paraná, David Gouvêa, não considera ter havido atraso no início das obras e ressalta que elas estão no prazo. "Houve um erro de interpretação. Alguém falou ou escreveu bobagem. Muita gente que não tinha nada a ver com o assunto resolveu opinar. Nós quisemos estudar os problemas, localizar o defeito e partir para a solução."

Gouvêa ressalta que desde o desabamento o objetivo era minimizar o transtorno da obra aos usuários da rodovia. "Nós na verdade não queríamos fazer como emergência, mas licitar a obra", argumenta. Mas as chuvas intensas que ameaçavam a proteção de um dos pilares da ponte que caiu e a restrição no tráfego da ponte que está em uso forçaram o pedido de mais duas emergências, sendo que a última culminou no início da reconstrução da ponte, em agosto de 2005. O engenheiro do departamento responsável pelo trecho e supervisor do Dnit, Ronaldo de Almeida Jares, ressalta que o tempo na reconstrução está relacionado à intensidade do problema de engenharia que estava sendo vivenciado. "Eu tenho 30 anos de experiência e nunca tinha visto uma coisa dessas. Não era só reconstruir a ponte que caiu, mas tínhamos de acompanhar o que estava ocorrendo", diz.

O engenheiro civil especializado em estrutura e diretor do setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mauro Lacerda, ressalta que é necessário uma melhor definição na noção de obras emergenciais de engenharia. "O contrato de emergência demorou quase 25 dias para sair. Isso deveria ocorrer muito mais rápido. Havia sobrecarga e era preciso consertar o outro lado do barranco", avalia. Lacerda, que logo após o desabamento trabalhou com outros técnicos da UFPR em parceria com o Dnit, mas se afastou dos trabalhos no dia 23 de fevereiro de 2005, reforça que nunca quis se intrometer na área do departamento. "A preocupação era muito grande para que fosse feita uma verificação muito cuidadosa. Tanto que boa parte das informações foram utilizadas e confirmadas a ponto de serem utilizadas pelo próprio Dnit", aponta Lacerda, exemplificando a questão da necessidade das obras na encosta da ponte que está em uso.

Para o engenheiro da UFPR, a obra está dentro do tempo previsto para execuções desse porte. "Esse prazo inicial (de seis meses) era para as obras emergenciais e depois um estudo adequado. Tecnicamente o Dnit fez o trabalho deles". Lacerda ainda afirma não ter se posicionado contra o Dnit. "Houve muita desinformação ao longo do processo. Nós queríamos apenas colaborar".

Já o secretário estadual de Transportes, Waldir Pugliesi, não questiona só a demora na reconstrução, mas também o descuido geral que na opinião dele tem ocorrido com as estradas federais desde o governo Fernando Henrique Cardoso. "A intenção (do governo federal) é dizer que as rodovias pedagiadas são melhores", acredita.

Pugliesi ainda compara o investimento de R$ 350 milhões do Plano Emergencial de Recuperação das Rodovias Federais, comandado pelo Ministério dos Transportes, e o R$ 1,2 bilhão de sua pasta nas obras das rodovias estaduais. "É chocante, se pensarmos que o Paraná representa 2% de todo o território nacional. Se o Paraná gasta isso, o Brasil deveria gastar um mundaréu de dinheiro nas estradas".

O coordenador regional do Dnit esclarece que o Plano Emegencial será em duas fases, na primeira, que está ocorrendo agora, estão sendo feitos serviços emergenciais para que as rodovias continuem com condições de tráfego. "Depois vamos voltar lá e melhorar. Quer dizer, não é só tapa-buracos". Nas rodovias federais do Paraná, o Plano Emergencial investirá R$ 21,07 milhões de reais.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]