Com a Escola Municipal Henrich de Souza, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, ocupada por 20 famílias sem-teto desde dezembro do ano passado, o início das aulas teve de ser adiado. O retorno à escola de cerca de 800 alunos matriculados na instituição, que deveria ter ocorrido ontem, só deve acontecer no próximo dia 14. De acordo com a direção da escola, o transtorno fez com que pelo menos 15 pais pedissem a transferência dos filhos para outros colégios.
As famílias foram levadas para a escola depois de terem sido retiradas de uma ocupação irregular em uma área de proteção ambiental, no bairro Guarituba. Elas ocupam a quadra poliesportiva e usam parte da infraestrutura da escola, como banheiros e bebedouros. Não há previsão para que as famílias deixem o local, mas espera-se que isso aconteça ainda nesta semana. A juíza Diocélia da Graça Mesquita Fávaro a mesma que havia determinado a desocupação da área de proteção concedeu parecer favorável ao município para que a reintegração de posse da escola seja feita.
Apesar do caráter de urgência, a procuradora-geral da cidade, Juliane Andréa de Mendes Hey, conta que o município depende de um oficial de Justiça para desocupar a escola e avaliar se será necessária força policial. Porém, segundo as famílias que ocupam a escola, a informação é de que eles devam sair em breve. Nem a procuradora nem o prefeito de Piraquara, Gabriel Jorge Samanha, confirmam a data.
De acordo com a secretária municipal de Educação, Loireci Dalmolin de Oliveira, não é possível começar o ano letivo com os alunos e os sem-teto compartilhando o mesmo espaço. As aulas de educação física ficariam prejudicadas sem a quadra. Para Loireci, a adaptação no calendário escolar não provocará prejuízo no número de dias do ano letivo e todas as aulas serão repostas.
Já a diretora da escola, Sandra Mara Kuchnir, lamenta a situação. "A prefeitura foi prolongando o prazo e não tem decisão. Entendemos a situação das pessoas, mas ficamos sem resposta aos pais. Muitos não têm lugar para deixá-los [os alunos]". É o caso da auxiliar administrativa Sandra Diniz, que perdeu o dia no trabalho para buscar informações na escola e ficar com a filha."Quero ver como será no resto da semana". Um cartaz, pendurado no portão, orienta os pais a confirmem o início das aulas por telefone na próxima sexta-feira.
Sem rumo
A desocupação de dezembro passado retirou de uma área de preservação ambiental do Guarituba cerca de 350 famílias. Sem ter para onde ir, os moradores foram levados para a escola, por determinação do prefeito. A orientação foi para que as famílias se cadastrassem na Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) para serem contempladas com uma das 600 casas em construção no Guarituba. Contudo, o diretor de relações institucionais da Cohapar, Nelson Cordeiro Justus, as casas na região não são preferenciais para as pessoas abrigadas na escola.