Com 14 anos de atuação no Hospital de Clínicas, Niazy Ramos Filho pensa pela primeira vez em deixar a instituição. O médico se diz desiludido com os rumos que a carreira pode tomar caso a Medida Provisória n.º 568 seja aprovada. Alvo de protestos em todo o país, ela reestrutura a carreira de servidores públicos federais e, no caso dos médicos, reduz o salário pela metade. Em entrevista à Gazeta do Povo, Ramos Filho comenta os riscos embutidos na MP.
Quais as consequências da MP para a classe médica e para a população?
As consequências são graves. A qualidade do serviço prestado nos hospitais federais irá cair drasticamente. Esses hospitais são centros de excelência que realizam procedimentos de alta complexidade, como transplantes. O HC é referência nacional em transplante de medula óssea, causa do investimento em pesquisa e da qualidade dos profissionais. Com a MP, não valerá a pena ficar no serviço público recebendo esse salário. Todo o investimento feito no aluno da graduação, por exemplo, será perdido, porque ele irá para o setor privado, que não investe tanto em pesquisa como os hospitais-escola. Com isso, a população perde um serviço de qualidade, que faz do HC o que ele é hoje.
Há médicos que pensam em deixar o HC?
Vários colegas. Eu mesmo já recebi propostas. Um grande hospital me ofereceu consultório, com todas as despesas pagas, além do salário que ganho no HC. Mas ainda acredito na negociação. Somente se ela fracassar é que pensarei na possibilidade. Mas não é o que desejo. Estou no HC desde 1997 e sempre quis trabalhar lá pela importância da instituição e pela possibilidade de poder retribuir à sociedade o que recebi dela enquanto era estudante da UFPR.
Quais são os próximos passos?
Vamos nos concentrar na comissão [que avalia a MP no Congresso] e pressionar para que ela retire os pontos que dizem respeito aos médicos. A MP é benéfica a várias categorias, mas, no nosso caso, é um retrocesso. Vamos esperar um posicionamento do deputado federal Osmar Serraglio (do PMDB-PR, relator-revisor da comissão) e a partir do que ficar acordado, podemos continuar ou não com a paralisação.
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