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Com falta de inspetores, professores fazem jornada extra para cuidar de alunos em Curitiba

Sem inspetores, professores precisam usar horário de almoço para monitoras alunos | Antônio More/Gazeta do Povo
Sem inspetores, professores precisam usar horário de almoço para monitoras alunos (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Além da indefinição para contratação de professores, a falta de inspetores é outra dificuldade que estudantes têm enfrentado nos pátios e corredores desde que as aulas voltaram na rede municipal de ensino de Curitiba. De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), a capital tem 834 inspetores nos pátios das escolas municipais e um déficit de cerca de 200 profissionais. Essa realidade acaba refletindo dentro das salas de aula: são os professores que têm de fazer uma espécie de jornada extra para suprir essa demanda.

É o que ocorre, por exemplo, na Escola Municipal Lina Maria Moreira, no Campo Comprido. Sem inspetores, são as professoras e demais funcionárias que precisam abrir mão do horário de almoço para ficar de olho nas mais de 310 crianças que ficam em período integral na unidade. Pai de uma aluna, Fabiano Luder se preocupa com o quanto essa jornada dupla pode afetar a qualidade das aulas, além da própria segurança dos estudantes.

Segundo Luder, a comunidade já fez várias reclamações sobre o caso, mas sem resultado. “No máximo, permitiram que os professores fizessem hora-extra para cumprir o papel de inspetor”, conta. Mas isso está longe de resolver o problema. “Isso garante o recreio das crianças, mas prejudica a nossa qualidade de vida. Ninguém mais aguenta hora-extra”, reclama uma funcionária que não quis se identificar.

Esse é o cenário de praticamente todas as escolas de Curitiba, mas que afeta ainda mais as de ensino integral, como aponta o Sismuc. “Como o intervalo entre o turno e o contraturno é de uma hora, é impossível para apenas um ou dois inspetores acompanharem todas as crianças”, revela a coordenadora de comunicação do sindicato, Soraya Cristina Zgoda. “São raríssimas as escolas com o quadro completo”.

Para o Sismuc, parte do problema está na própria distribuição dos funcionários dentro das escolas. Há desfio de função dos profissionais, de acordo com a entidade. Embora sejam chamados de inspetores,eles são classificados como auxiliares de serviços escolares e, na grande maioria dos casos, são realocados em cargos administrativos dentro das escolas. “Isso é algo que acontece desde sempre”, assinala Soraya.

A Secretaria Municipal de Educação de Curitiba informou, por meio de nota, que já constatou tanto a falta desses inspetores quanto esse desvio de função. A pasta informou que já orientou os diretores para que esses profissionais voltem a desempenhar suas funções originais.

Convocação insuficiente

A secretaria afirmou ainda que, “em breve, parte dos candidatos aprovados em concurso de 2015 para essa função será chamada” para completar o quadro. Ainda não há, no entanto, data para que isso ocorra.

Em seu perfil nas redes sociais, o prefeito Rafael Greca (PMN) disse que vai chamar 50 inspetores para ocupar a vaga de quem se aposentou. Mas o Sismuc apontou que esse total não é o bastante para cobrir déficit nas escolas. Os pais já perceberam isso. Em resposta à publicação do prefeito, alguns apontaram que “esse número não faz nem cócegas na necessidade absurda que as escolas estão passando”.

O ponto é que, segundo o sindicato dos servidores municipais, a lista de espera de profissionais concursados seria o suficiente para resolver o problema. “São mais de 200 pessoas na espera para serem chamadas em vários concursos. Estamos acompanhando as reclamações e cobrando a prefeitura para que ela convoque esse pessoal”, destacou Soraya.

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