Policiais militares de Londrina estão sendo obrigados a fazer rondas a pé porque mais de 70% da frota da PM na cidade do Norte do estado está parada à espera de conserto. A situação se arrasta desde outubro do ano passado, mas teria se complicado com a operação Voldemort, desencadeada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em março deste ano.
“O policiamento a pé que se vê no centro é porque não temos viaturas em condições de circular. As que ainda estão em condições estão sendo priorizadas para operações como a da recuperação da carga de celulares furtados no depósito do aeroporto, sábado passado”, disse um policial militar que pediu para não ser identificado. Segundo ele, das cerca de 120 viaturas do batalhão, apenas 30 estariam em condições de uso.
De acordo com um oficial do comando da PM em Curitiba, a situação não é exclusiva de Londrina. “Depois que o governo do estado, através do Deto [Departamento de Transporte Oficial], firmou contrato com a vencedora da licitação para a manutenção da frota, tudo parou. Em todo o estado”, afirma. Segundo ele, a PM tinha uma expectativa de 800 viaturas consertadas por semana. “Estamos com uma média de 70 a 80 viaturas, o que é insuficiente para o serviço”, disse.
Deflagrada no início deste ano, a operação Voldemort foi desencadeada por suspeitas de tráfico de influência, superfaturamento e fraude em contrato emergencial de R$ 1,5 milhão para manutenção de carros de órgãos públicos do governo do estado em Londrina e região. O serviço estava sob responsabilidade da Providence Autocenter, de Cambé. Entre os implicados está Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa, considerado líder do esquema.
O comando do 5.º Batalhão da Polícia Militar não quis se pronunciar sobre o assunto. Já o comandante do 2º. Comando Regional da Polícia Militar em Londrina, tenente-coronel Marcos Antônio Wosny Borba, reconhece “uma certa” dificuldade na manutenção da frota, mas diz que trabalha com os recursos que tem. “Nossas ações são pensadas para otimizar ao máximo os recursos disponíveis”, disse.
A Secretaria de Estado de Administração e Previdência (Seap), responsável pelo Deto, afirma que o atraso na manutenção da frota não é ocasionada por questões financeiras. De acordo com a secretaria, a empresa vencedora da licitação da gestão compartilhada da frota, a JMK Serviços, trabalha desde o início do ano na implantação do sistema de gerenciamento da manutenção, mas só iniciou a execução dos serviços efetivamente no dia 9 de junho, quase três meses depois da suspensão do contrato emergencial com a Providence Autocenter, devido a Operação Valdemort.
A Secretaria de Administração afirmou, por meio de nota, que a empresa JMK tem sido cobrada para que, num prazo de 60 dias zere o volume de serviço represado e, a partir daí, se dedique a manutenção corriqueira.
Por meio de nota, a JMK segue a mesma linha em sua justificativa. “Na fase de transição entre o sistema anterior e o atual, foi gerada uma grande demanda reprimida. A manutenção estava praticamente paralisada”. A empresa ainda informou que não há nenhuma questão de atraso de pagamento e argumentou que está tentando atender a demanda com a maior agilidade possível.
“Embora o sistema seja muito mais transparente e tenda a gerar economia ao estado, cada operação depende de três orçamentos, o que torna todo o procedimento mais complexo que o anterior, no qual era necessário apenas um orçamento por ordem de serviço”, complementa a JMK.
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