Soldado do Exército patrulha rua de Vitória na paralisação da Polícia Militar.| Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Além do medo da violência no Espírito Santo, capixabas estão sofrendo também com a falta de comida. Trancadas em casa, famílias não têm mais mantimentos ou estão consumindo o pouco que ainda resta na despensa.

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Vânia Gianizelli, de 50 anos, é uma dessas pessoas. Moradora da Curva da Baleia, em Jacaraípe, no município da Serra, ela não sai de casa há cinco dias. Sua comida está no fim. Na despensa há maizena, biscoito, sardinha, achocolatado, ervilha e óleo. O cardápio de quarta-feira foi à base de bolinho de chuva.

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“Viramos reféns presos dentro de casa. Quando fui ao supermercado, estava tão cheio que tive medo de esperar para pagar e ter arrastão. Tem mãe aqui do condomínio que está trocando comida por fralda, alho por leite. Estamos nos ajudando até o fim dessa guerra. A padaria aqui de perto abre as portas e os bandidos mandam fechar. Faltam as coisas mais básicas. Como eu tinha trigo e leite, passamos o dia com bolinho de chuva. Ainda não sei o que vamos jantar hoje“, contou.

Os que ainda se arriscam no comércio enfrentam longas filas de até quatro horas. Com medo de andar na rua e para evitar ficar tanto tempo dentro do supermercado, o servidor Leonardo Mattos, de 36 anos, optou por ir a um supermercado dentro do Shopping Vila Velha, na Grande Vitória.“Para entrar no shopping, tive que passar por um controle de segurança”, relatou.

Em Morada das Laranjeiras, também em Serra, Helton Cardoso, de 27 anos, tem alimento suficiente só até esta quinta-feira. Ele tem apoio de vizinhos. “Estou recorrendo às pessoas do prédio, trocando comida”, disse.

Uma moradora de Jacaraípe que preferiu não se identificar também relatou medo de sair às compras. Na despensa dela há somente óleo, macarrão, sardinha, pó de café, arroz e feijão. “Moro no Espírito Santo há 38 anos e nunca passei por isso. Estou me sentindo enclausurada”, afirmou.