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Valores  historicamente associados à masculinidade ainda são barreiras para a busca de ajuda médica | Foto: Shutterstock
Valores historicamente associados à masculinidade ainda são barreiras para a busca de ajuda médica| Foto: Foto: Shutterstock

Na última quinta-feira (11), o Ministro da Saúde Ricardo Barros fez uma fala polêmica ao defender em um evento público que os homens têm menos tempo para cuidar da saúde porque trabalham mais que as mulheres.

Mesmo pedindo desculpas pela declaração um dia depois, Barros contrariou duas estatísticas mais factíveis: os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – que revelam que as mulheres tendem a trabalhar cinco horas a mais por semana por acumularem tarefas domésticas – e uma pesquisa recente norte-americana. O estudo da Universidade de Connecticut entrevistou 491 pessoas de ambos os sexos e concluiu que os homens vão menos ao médico por medo de parecerem fracos.

Mary Himmelstein e Diana Sanchez, duas das responsáveis pela análise, perceberam que quanto mais os entrevistados se identificavam com valores culturalmente associados à masculinidade – como bravura, força, resistência e autossuficiência – mais minimizavam os problemas de saúde e evitavam procurar um médico. Além disso, menor era a propensão de serem honestos durante as consultas, principalmente, se fossem atendidos por uma mulher.

A condição pode antecipar em cinco anos a morte dos homens em relação às mulheres. Na comparação, eles também ficam mais propensos a morrer em resultado de lesões não intencionais ou suicídio.

Segundo elas, um roteiro cultural sobre a masculinidade, rotineiramente repetido ao longo das gerações, indica aos homens que se desde cedo não eles não agirem de modo resistente e autossuficiente, perdem seu status e respeito social. “Há muita literatura que comprova essa relação”, afirmaram.

Comportamento feminino

A pesquisa mostrou que mulheres que se identificam em maior medida com valores de bravura e independência também tendem a ir menos ao médico, mas um menor número delas demonstrou relação entre as características e a resistência por procurar ajuda. Quando estão no consultório, também tendem a fazer mais perguntas. “As mulheres não vivem a mesma pressão social para serem resistentes”, observou Diana.

O levantamento ressaltou que, mesmo quando desconsideradas as consultas ao ginecologista ou o acompanhamento pré-natal, mulheres vão mais aos médicos que homens. Também indicou que executivos com grande carga de trabalho – de 40 a 50 horas semanais – fazem mais consultas que a média, exceto os que revelam em maior intensidade comportamentos associados à ideia de masculinidade.

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