Cerca de 190 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) montaram acampamento dentro de duas propriedades localizadas em Lerroville (distrito de Londrina), durante o feriadão de carnaval. As fazendas Pininga (1,8 mil hectares) e Guairacá (5,4 mil hectares) são produtivas e estão em processo de compra pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). De acordo com a direção estadual do MST, a ocupação das duas fazendas, localizadas a 5 quilômetros uma da outra, foi pacífica e é fruto de um acordo com o proprietário das terras. "Fizemos o acampamento para que outros grupos dissidentes e de outras facções não ocupassem", afirma um dos líderes do MST no Paraná, Ireno Prochnow.

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Além das duas fazendas ocupadas em Lerroville, 70 famílias do MST também montaram acampamento ao redor da fazenda Porta do Céu (2,3 mil hectares), pertencente ao grupo Atalla (produtores de açúcar, álcool e cimento), localizada em Florestópolis, no Norte do Paraná. A fazenda foi considerada improdutiva pelo Incra e, hoje, está em processo de desapropriação. De acordo com a direção estadual do MST, o objetivo do acampamento é também assegurar que a área não seja ocupadas por outros movimentos sociais – a exemplo do que aconteceu em São Paulo.

Desde domingo, no Pontal do Paranapanema, no estado vizinho, movimentos sociais ocuparam 20 fazendas e prometem que só deixam a área se forem notificados pela Justiça. De acordo com a liderança dos movimentos sociais de Pontal do Paranapanema, as áreas estão ocupada por cerca de 2 mil famílias do Movimento dos Agricultores Sem-Terra (Mast), do Movimento Unidos pela Terra e também da dissidência do MST, liderada por José Rainha. A ação, chamada "Carnaval Vermelho", estende-se por 14 municípios paulistas, entre eles, Racharia, Presidente Prudente e Dracena.

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"O MST não tem nenhuma ligação com as ações de Pontal do Paranapanema. O José Rainha não faz parte do MST, todos sabem que ele foi expulso do movimento", diz Prochnow. De acordo com ele, as ações do MST realizadas em Lerroville e Florestópolis visam a garantir o direito de famílias que estão na fila da reforma agrária há anos. "Temos famílias que já estão de 5 a 8 anos acampadas. Não podemos deixar ninguém passar na frente delas. Acampamos lá para cuidar, porque sabíamos que outros grupos estavam querendo ocupar. Esses grupos denigrem a imagem do MST e atrapalham as negociações", opina.

Cerca de 160 famílias ligadas ao MST estão acampadas na fazenda Guairacá e outras 30 na fazenda Pininga. "Queremos assentar 500 a 600 famílias nestas duas fazendas. Só falta o TDA (título da dívida agrária pago pela União) e a transferência", diz Prochnow. Segundo ele, as duas fazendas devem ser vendidas ao Incra por R$ 90 milhões. O Incra não confirma o valor. De acordo com a assessoria de imprensa, o preço ainda está em negociação. Em nota divulgada, o Incra também não se manifesta sobre as ocupações, apenas informa que a fazenda Guairacá tem uma capacidade inicial para o assentamento de 570 famílias, com estudos de aumento de capacidade. Já a fazenda Pininga tem capacidade estimada em 130 famílias, com estudos previstos para aumento de capacidade também.

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