O volume de água das duas principais barragens que abastecem Curitiba e região metropolitana encerram o ano com um índice preocupante. Piraquara I e Iraí marcavam, em 1.º de dezembro, 45,4% da sua capacidade. Em dezembro do ano passado, ambas estavam com sua capacidade máxima.
Há três meses, em plena estiagem, Piraquara I e Iraí chegaram ao nível de 28%. A seca já obrigava a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) a adotar o racionamento nos muncípios abastecidos pelas represas. As duas unidades fazem parte do Sistema Integrado da Sanepar e atendem parte dos domicílios da capital, além de Campo Magro, Almirante Tamandaré, Colombo, Pinhais e São José dos Pinhais.
Os reservatórios só começaram a se recuperar a partir de outubro, com a volta das chuvas. Chegaram a atingir 48,3% da capacidade, e o racionamento, iniciado em 4 de agosto, foi suspenso temporariamente. "A seca deste ano foi muito forte. Se ela voltar a ocorrer, teremos um caos", afirma o gerente de produção da Sanepar, Paulo Raffo.
O fim do rodízio no abastecimento ainda não foi totalmente descartado pela empresa. A expectativa é de que o verão seja chuvoso e contribua para a recuperação do sistema. As represas devem atingir 90% dos reservatórios até março. A previsão é de uma estiagem considerada normal e de índices pluviométricos acima da média entre maio e agosto, historicamente mais secos. Caso isso não ocorra, o racionamento poderá ser retomado. "Esperamos que a previsão de chuva acima da média seja confirmada", diz Raffo.
Dados do Instituto Tecnológico Simepar mostram que 2006 foi o ano com menor incidência de chuvas desde 1997, quando começou a medição. A média histórica é de 1,4 metro por ano. Em 2005, foi registrado 1,3 metro; e neste ano, a 15 dias de seu fim, choveu somente 0,8 metro na região de Curitiba. O menor índice anterior ocorreu em 2003, com 1,1 metro. "Muito dificilmente 2006 vai ultrapassar 2003", considera o meteorologista Reinaldo Kneib.
A chuva que está por vir será importante ainda para garantir o futuro do abastecimento de Curitiba e região. As obras de construção da Piraquara II devem ser concluídas no primeiro semestre de 2007. Depois de pronta, sua ativação dependeria apenas do acúmulo de água. A obra deve ampliar em 21 milhões de metros cúbicos de água a capacidade do sistema de abastecimento, que hoje é limitado em 81 milhões. A represa de Miringuava, em São José dos Pinhais, está em fase de licenciamento ambiental. Quando entrar em operação, prevista para o fim de 2007, vai ampliar em até 15% a produção diária de água na região metropolitana.
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