A adolescente Lara Cristina Lang tem apenas 13 e praticamente não sabe o que é viver em plena saúde. A família descobriu que ela tinha leucemia em 2006, ano em que começou uma árdua batalha contra a doença em São Bento (SC). Houve vitórias de lá para cá. Mas a doença reapareceu pela terceira vez no último mês de outubro. A saída agora, segundo os médicos, passa por um transplante de uma medula vinda de um doador -- procedimento que ainda não era realizado no Hospital Pequeno Príncipe, mas que poderá vir a ser graças a um investimento de R$ 2,6 milhões concluído nesta segunda-feira (21).
O Pequeno Príncipe faz atualmente o transplante apenas quando a medula vem do próprio paciente. Mas a conclusão das obras de ampliação desse serviço criou sete novos leitos no hospital, reacendendo as esperanças na família de Lara já que novas modalidades desse procedimento poderão ser realizadas ali em um futuro próximo.
Em um primeiro momento, segundo a direção do Pequeno Príncipe, o local continuará realizando apenas os transplantes autólogos – quando a medula vem do próprio paciente. Mas a ideia é que a equipe médica também passe a fazer transplantes alogênicos (quando a medula é fornecida por um doador) e singênico (quando a medula vem de um irmão gêmeo univitelino) a partir das próximas etapas de implantação do projeto.
Essa notícia foi comemorada pela mãe da jovem. “Eles nos disseram que a saída agora é o transplante. Então reforçamos nosso pedido para que as pessoas sejam doadoras, ainda mais agora com mais leitos. Quanto mais gente doando, maiores as chances da nossa filha encontrar uma medula compatível”, afirmou Divane Alves Domingos, 40.
Os pais de Lara estão instalados em Curitiba graças a ajuda de um conhecido da família que os instalou em uma quitinete próxima ao Pequeno Príncipe. A família da jovem tem uma página no Facebook para estimular a doação da medula óssea.
Nova ala
A inauguração das obras de ampliação do serviço de transplante de medula óssea do Pequeno Príncipe ocorreu na manhã desta segunda. O aumento somente foi possível devido à captação de recursos via renúncia fiscal do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon). Esse serviço funciona no Pequeno Príncipe desde 2011. De lá para cá, foram 21 transplantes – 90% deles pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A cerimônia de inauguração dos novos leitos foi marcada pela emoção dos diretores do hospital. À frente do projeto, o médico Eurípides Ferreira chorou mais de uma vez enquanto contava a história do transplante de medula óssea e do próprio Hospital Pequeno Príncipe. Um dos responsáveis pelo início dos trabalhos de oncologia e hematologia no local, ele também citou números de como o país ainda precisa avançar nesse tratamento.
Segundo Ferreira, os Estados Unidos tem 204 centros de transplante de medula óssea e conseguiram realizar mais de 18 mil transplantes em 2014. Enquanto no Brasil, diz o médico, há 78 centros que conseguem realizar entre 2,3 e 2,5 mil transplantes por ano.
O evento no Pequeno Príncipe também contou com a participação do ministro da Saúde Ricardo Barros. Ele enalteceu a participação da iniciativa privada na iniciativa e de projetos como o Pronon. “Sem dúvida há uma necessidade de complementação dos recursos do SUS pela iniciativa privada. Mas é importante destacar a credibilidade que tem o Pequeno Príncipe, que é por ela que os empresários optam por colocar seus recursos aqui. São hospitais especializados que trazem a oportunidade de cura para pessoas que antes não tinham essa perspectiva”, afirmou o ministro.
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