A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai reduzir ainda mais os investimentos previstos para 2015 por causa do “estresse financeiro” provocado pela crise hídrica, deflagrada no início de 2014. O diretor econômico-financeiro da empresa, Rui Affonso, disse nesta terça-feira (19), que seria “irresponsável” não cortar os recursos diante do atual cenário econômico do País e de escassez de água na Grande São Paulo.
“Estamos fazendo os cálculos de quanto será a redução, mas isso é absolutamente dever de responsabilidade da companhia, ante uma situação de estresse financeiro, para garantir a sustentabilidade econômica da empresa”, disse Affonso, durante teleconferência com analistas e jornalistas sobre os resultados da Sabesp no primeiro trimestre deste ano, quando as receitas e o lucro caíram 11,6% e 33,4%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2014.
Affonso citou que os governos federal e estadual, além de outras empresas por todo o Brasil, também estão cortando investimentos por causa do cenário econômico de inflação, câmbio e juros em alta. “A Sabesp, além de tudo isso, tem uma redução enorme em sua disponibilidade hídrica, e seria absolutamente irresponsável manter o nível de investimentos”, disse o diretor.
No fim de março, a Sabesp já havia anunciado uma redução de 26% nos investimentos para este ano, em relação ao que foi aplicado em 2014, uma queda de R$ 3,2 bilhões para R$ 2,36 bilhões. Segundo a companhia, “as obras necessárias para manter a segurança hídrica estão garantidas”. Por isso, o maior corte vai correr nas ações relacionadas ao tratamento e coleta de esgoto, 55% a menos do que em 2014, e na despoluição de rios e represas.
Affonso disse ainda que os cortes a mais decorrem de uma “frustração” com relação ao reajuste extraordinário na tarifa de 15,2% aprovado no início do mês pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp). A Sabesp queria um aumento de 22,7%. “Sem nenhum blefe, era o que a Sabesp precisava para manter a sustentabilidade econômico-financeira”, disse o diretor. “Não é possível a Sabesp manter o nível de investimento projetado se há uma frustração de receita em relação a revisão tarifaria e se as condições macroeconômicas todas pioraram”, completou.
Ele afirmou que o corte será feito para “garantir que a prestação de serviço de água em São Paulo” com as obras emergenciais necessárias, que devem custar cerca de R$ 300 milhões, sem depender das chuvas. “Vamos fazer um freio de arrumação e vamos em frente”, acrescentou. A principal obra é a ligação dos sistemas Rio Grande, braço limpo da Represa Billings, e Alto Tietê, para conseguir tratar mais 4 mil litros por segundo para socorrer regiões que ainda são atendidas pelo Sistema Cantareira.
Affonso indicou que além do corte nos investimentos, a companhia também seguirá buscando uma contenção dos gastose salientou que seguirá reforçando sua política de recuperação de crédito de devedores. Ele salientou que há um volume significativo de municípios, como Guarulhos, Santo André e Mauá, que não pagam conta de água, e que a companhia intensificará sua cobrança. Segundo a Sabesp, a dívida chega a R$ 2,2 bilhões. Se considerar os juros e a correção monetária, o valor salta para cerca de R$ 6 bilhões.
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